Dicionário de Cultura Básica/Eliot

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ELIOT, T.S. (poeta e crítico anglo-americano)

Nunca é tarde demais para ser o que você deveria ter sido

A lírica em língua inglesa teve excelentes cultores no continente e nas colônias. Da era moderna, o maior de todos é, sem dúvida, Thomas Stearns Eliot (1882–1965), poeta muito controvertido porque se, de um lado, é um saudosista dos tempos clássicos, cujo abandono é apontado como causa da destruição da cultura européia, de outro lado, é um dos grandes inovadores da poética contemporânea. Norte-americano do Estado do Missouri, atravessado pelo poético rio Mississipi, desde a adolescência sentiu um grande fascínio pela cultura do Velho Continente. Logo emigrou para a Europa, estudou na Sorbonne e tornou-se cidadão britânico. Sua poesia acusa as influências dos simbolistas franceses, do conterrâneo e contemporâneo Ezra Pound, dos poetas metafísicos ingleses, de Dante Alighieri, seu poeta preferido, e da cultura antiga da Grécia, de Roma e do Oriente (conhecia até o sânscrito). Por causa de tantos e variados conhecimentos, cunhou-se o termo "eliotizar" para indicar a assimilação de culturas diferentes. De ideologia conservadora, proclamou-se "classicista" na poesia, "monarquista" na política e "luterano" na religião. Sua obra literária, além de dois dramas (Assassínio na catedral e Reunido em família), é composta quase exclusivamente de poemas. Inversamente do patrício romântico E. A. Poe, que vulgarizou o uso da narrativa curta, T.S Eliot introduz a moda do poema longo na lírica contemporânea. É um dos seus poemas longos The waste land ("A terra devastada") que o tornou mundialmente famoso. A obra está dividida em cinco partes: "O enterro dos mortos"; "Uma partida de xadrez"; "O sermão do fogo"; "Morte por água"; "O que disse o trovão". Sua característica principal é o fragmentarismo, a polifonia, o dialogismo intertextual (→ Dialética). Trata-se de um vasto mosaico, onde se encontram sobrepostas citações e alusões a várias fontes culturais, junto com a representação de aspectos da prosaica vida londrina, sem nenhuma lógica e nenhuma ordem de tempo ou de espaço. Como Eliot costumava dizer, "a verdadeira poesia deve comunicar antes de ser compreendida".