Memórias da Rua do Ouvidor/VII

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Como o vice-reinado do Conde de Rezende obumbrou a cidade do Rio de Janeiro e nesta a Rua do Ouvidor com sinistras perseguições, e com o terror que espalhou, fala-se da conspiração dos inconfidentes de Minas Gerais, e refere-se a uma tradição que não saiu toda dos velhos manuscritos suspeitos de tradições imaginárias. Como e por que Perpétua Mineira veio em 1784 morar à Rua do Ouvidor e aí, não ganhando bastante a costurar, abriu em sua casa saleta de pasto à mineira, acontecendo que depois de certo tempo ela começou a rir fora de propósito, cultivou perpétuas roxas, teve muitos amores, até que se apaixonou pelo Tiradentes, e, enfim, desapareceu na noite de 21 de abril de 1792, depois de ter andado à roda da forca, onde fora morto o seu amante, a procurar uma perpétua, achando somente ensangüentado um pedaço de lenço que reconheceu e guardou.

O último decênio do século passado e os primeiros dez meses do ano de 1801 marcaram obumbrado e sinistro período na história da cidade do Rio de Janeiro, e deixaram triste episódio às Memórias da Rua do Ouvidor.

Em 1789 tinha sido denunciada a conspiração dos inconfidentes de Minas Gerais, estes presos e a devassa posta em andamento.

Em 1790 (a 4 de junho) começou o vice-reinado do Conde de Rezende para tormento do Rio de Janeiro. Suspeitoso, aterrador, desapiedado, o Conde de Rezende, ainda depois de enforcado o Tiradentes, e de saídos em desterro os principais chefes da conspiração, isto é, ainda depois de abril de 1792 até o fim do seu vice-reinado, foi cruel opressor do povo, e implacável perseguidor de poetas e de literatos, a alguns dos quais encerrou por longo tempo em negras prisões pelo crime de se reunirem em palestras literárias e científicas, às quais ele atribuía injustamente dissímulos de clubes revolucionários e reincidências em tramas republicanas.

A Rua do Ouvidor sofreu, como toda a cidade, a influência sinistra do governo do Conde de Rezende, obumbrando-se pela desconfiança e pelo terror, e para dar idéia dessa triste situação, preciso lembrar a famosa conspiração chamada do Tiradentes, as perseguições e abusos do vice-rei, e vou fazê-lo, vestindo com as roupas, isto é, com as cores e com os costumes do tempo, uma tradição que colhi nos meus velhos manuscritos.

É a tradição-romance de Perpétua Mineira, que aliás não saiu toda desses manuscritos já suspeitos de fonte imaginária.

Dois amigos meus que tinham sido jovens no primeiro quartel do século atual, e que se presumiam de sabedores de coisas dos fins do último século, informaram-me em anos que me viram atarefado recolhedor de notícias do nosso passado na cidade do Rio de Janeiro, informaram-me, repito, da seguinte historieta:

— Uma mulher moça e bonita, a quem chamavam Perpétua Mineira, vivera durante anos dos vice-reinados de Luís de Vasconcelos e do Conde de Rezende morando na Rua do Ouvidor entre as ruas Direita e Detrás do Carmo (hoje do Carmo), e que em sua casa abrira saleta de pasto, ou de jantar e ceias de cozinha á mineira.

Perpétua, a princípio de costumes irrepreensíveis, tornara-se depois fácil em amar e inconstante em amores, contando entre os seus felizes apaixonados o Tiradentes, e enfim subitamente desaparecera, sem que houvesse dela mais notícia alguma, no mesmo dia em que subiu à forca, seu capitólio da história, aquele impávido conjurado, de quem ela fora amante.

Atiçado e impelido pelo interesse romanesco de tais informações, procurei então com ardor no processo dos inconfidentes de Minas, em publicações, em documentos arquivados, em conversações com amigos fluminenses e mineiros distintos, e curiosos investigadores destas coisas da pátria, alguns vestígios da existência ao menos daquela Perpétua Mineira, que floresceu ou murchara na Rua do Ouvidor.

Perdi o meu tempo.

Os meus dois informantes continuavam a asseverar o que me diziam sobre a interessante Perpétua Mineira; mas em falta de testemunho mais seguro, limitei-me a tomar notas das informações sem poder aceitá-las como incontestáveis.

Agora, escrevendo as Memórias da Rua do Ouvidor e chegando nelas à época da conjuração dos inconfidentes de Minas Gerais, das perseguições e do terror do vice-reinado do Conde de Rezende, lembrei-me daquelas informações, e tomando-as por base, recorri sem cerimônia aos meus velhos manuscritos e achei logo neles a tradição completa, a tradição-romance de Perpétua Mineira, que passo a contar.

Não asseguro, mas inclino-me a crer, a admitir ao menos o fato da existência de Perpétua Mineira com a saleta de pasto, ou de jantar e ceias, na sua casa da Rua do Ouvidor; admito a probabilidade dos amores de Perpétua e do Tiradentes. O mais vai sair dos meus velhos manuscritos por conta e risco exclusivamente deles e sem responsabilidade do memorista consciencioso.

É tradição-romance de Perpétua Mineira para diante.

Em pequena casa térrea de porta e janela que em princípio do século atual ainda se via, na Rua do Ouvidor ao lado direito e pouco antes da quina da Rua Detrás do Carmo, como triste amostra das acanhadas e rudes construções dos primeiros tempos da cidade, morava uma mulher a quem chamavam Perpétua Mineira.

Perpétua era com efeito o seu nome de batismo; o de família ninguém o conhecia, porque ela não o tinha e a alcunha de mineira lha puseram no Rio de Janeiro pela sua naturalidade da capitania de Minas Gerais.

Era ainda mais infeliz do que se fora órfã, era ou fora enjeitada, e nunca a procuraram os pais. No seio da família caridosa que a recolhera, aprendera ao menos a trabalhar; aos dezoito anos de idade, porém, fora segunda vez enjeitada, expulsa da casa beneficente pelo crime de ter sido seduzida pelo filho mais velho dos seus protetores.

O sedutor apaixonado amante da enjeitada quis, a despeito da oposição de seus pais ricos e presunçosos de nobre sangue, desposá-la, e dar-lhe, como devia, o seu nome; Perpétua, porém, a chorar e a maldizer de sua fraqueza, lembrou quanto por ela tinham feito os caridosos adotadores da inocente e mísera recém-nascida exposta, abandonada à porta de estranhos, e agradecida até ao sacrifício de sua honra, impôs ao filho revoltado obediência aos pais, deu-lhe em despedida um, o último beijo, e, fugindo à capitania do seu berço, veio para a cidade do Rio de Janeiro no ano de 1784, e quase logo foi ocupar a casa da Rua do Ouvidor, que ficou mencionada, e que houve a preço de seis cruzados de aluguel por mês.

Perpétua pôs-se a costurar, foi ela a primeira, não modista, mas costureira da Rua do Ouvidor; tão pouco, porém, rendiam-lhe as costuras, que para viver começou a explorar outro recurso, abrindo ao concurso do público na pequena saleta de sua casa mesa muito asseada, na qual vendia lombo de porco em vários guisados primorosamente preparados, lingüiças e bolos, e diversos acepipes culinários de farinha de milho.

Em linguagem moderna combinada com a antiga, inglesa abrasileirada, a pobre e infeliz Perpétua abriu casa de lunch - à mineira.

Foi daí que começou a sua alcunha Perpétua Mineira.

E sem o pensar ela foi ali na Rua do Ouvidor a precursora de Mme Joséphine, costurando, e do Sr. Guimarães, fazendo lunch à mineira.

De estatura alta, e bem talhada de corpo, Perpétua tinha negros e belos os cabelos e os olhos, o rosto branco e de encantador oval, trazendo nas faces as pulcras rosas de além das serranias do Ocidente.

Apenas lhe amesquinhavam as graças físicas, as mãos trigueiras e ásperas pela rudeza do trabalho e os modos e falas agrestes que denunciavam a sertaneja, pouco afeita aos costumes e aos lavores da sociedade urbana.

Bonita como era, Perpétua adquiriu logo boa freguesia freqüentadora da sua saleta de pasto, onde muitos dos mineiros que vinham à cidade do Rio de Janeiro também e de preferência iam para jantar ou cear à moda da capitania.

Tão jovem que ainda se poderia dizer menina, Perpétua, vivendo só, manteve durante um ano procedimento irrepreensível, foi casta depois de seduzida, bem que não lhe faltassem namoradores e apaixonados entre os fregueses da saleta de pasto.

Mas um dia alguns mineiros chegados da capitania deram à pobre enjeitada a notícia do casamento do seu querido sedutor. Por explicável contradição de sentimentos em alma exaltada, ela, que generosa impusera ao amante obediência à vontade dos pais, ao saber que a obediência se cumprira, sentiu o peso da morte no coração, adoeceu gravemente, foi levada para a Santa Casa da Misericórdia, donde no fim de dois meses saiu restabelecida da moléstia cerebral que lhe ameaçara a vida, mas trazendo alteração lamentável em seu caráter.

Restaurando a sua saleta de pasto, Perpétua Mineira não zelou mais e como dantes o seu proceder honesto, e ainda o repetirei casto depois do erro: fingida ou realmente alegre, faceira e garrida escapou apenas às abjeções do vício venal, mas desceu às baixezas da impudicícia por amores, cuja duração era marcada pela sua inconstância e pelo seu capricho.

A jovem mineira parecia feliz; era tão fácil e freqüente o riso em seus lábios, que às vezes até ria fora de propósito; além disso, notava-se que ela, tendo mandado preparar no quintalzinho de sua casa canteiros de jardim, só cultivava nesses canteiros perpétuas, a flor do seu nome; exclusivamente, porém, perpétuas roxas, a flor das sepulturas ou da morte.

Entretanto, Perpétua Mineira adquiriu celebridade imodesta na cidade do Rio de Janeiro, e entre os seus sucessivos amantes contou o Belo Senhor, e dizem que (muito às escondidas e com imposição de segredo) o Vice-Rei Luís de Vasconcelos, que foi sempre muito mais cauto do que o Marquês de Lavradio.

Por fim, em 1787, apareceu-lhe em casa José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, que já não era moço, nem distinto por beleza varonil, mas que impressionava a quase todos por arrebatamentos apaixonados, pelas expansões francas e ardentes do sentimento, pela coragem, pelo entusiasmo fácil, e até pelas leviandades e estouvamentos de seu ânimo imprudente, e a que faltava sobretudo o bom-senso.

O Tiradentes inflamou-se de amor pela bela Perpétua, e esta perdidamente se apaixonou por ele.

Capricho ou predileção de mineira?...

É quase ou de todo insensato pretender arrasar segredos de sentimento.

Perpétua amou o Tiradentes, amou-o terna e fiel, e desde então ria-se ainda; mas só a propósito: nenhum outro homem pôde mais passar além da saleta de pasto para o interior da casa, nem mesmo (dizem) aquele que a horas mortas de noite às vezes entrava misterioso.

Pode-se amar deveras mais de uma vez na vida?... pode haver outro depois do primeiro amor que enche e perfuma completa e perfeitamente o coração?...

Perpétua não ousaria responder, porque depois do seu primeiro amor amava ternamente o Tiradentes; mas, cumpre dizê-lo, amante estremecida e fiel do Tiradentes, ela continuou sempre a cultivar no seu quintalzinho perpétuas e exclusivamente perpétuas roxas.

As ligações de Perpétua e do Tiradentes duravam com interrupções longas pelas ausências deste, mas com exemplar fidelidade respeitadas por ela já há dois anos, quando em 1789 aquele conspirador indiscreto chegou à cidade do Rio de Janeiro e no fim de alguns dias, na véspera de sua volta para Vila Rica, revelando à amante o segredo da conspiração mineira, em terna despedida, pediu-lhe que colhesse e lhe desse uma perpétua, a flor do seu nome, como lembrança de amor.

A bela jovem cortou um basto anel de seus cabelos, e, dando-o ao Tiradentes, disse-lhe:

— Dou-te melhor lembrança: a perpétua não, não! olha: só tenho perpétuas roxas, as flores da morte.

O Tiradentes beijou e guardou o anel de cabelos, mas exigiu com tanta insistência a flor, que a amante colheu e entregou-lhe uma perpétua, dizendo:

— Leva-a, é porém de mau agouro. Sê feliz! Adeus! Qualquer que seja o teu destino, eu te amarei perpétua. Lembra-o bem: perpétua!...

No mesmo ano o Tiradentes tornando ao Rio de Janeiro, mas já perseguido para ser preso, como em Minas o tinham sido os outros conspiradores, não ousou ir à casa de Perpétua Mineira, mas ainda assim caiu em poder dos agentes do governo.

A generosa e exaltada amante, a pobre Perpétua Mineira, sonhou, imaginou planos doidos para salvar o Tiradentes, facilitando-lhe a fuga dos cárceres subterrâneos da ilha das Cobras, para onde o tinham levado, e, desatinada e vaidosa, começava a calcular com repugnantes traições ao seu amor, com sublimes sacrifícios já para ele horríveis, contando com o poder dos seus encantos a fazer milagres no coração de Luís de Vasconcelos, aliás severo e inflexível no cumprimento do seu dever, quando a 4 de junho de 1790 o vice-reinado passou ao Conde de Rezende.

Adeus, embora ilusórias, vaidosas esperanças de Perpétua Mineira!...

O Conde de Rezende chegava carrancudo, ameaçador, e temendo conspirações a tramar-se em toda a cidade, e para mais se agravarem suas turvas suspeitas, e as sinistras prevenções do seu ânimo, logo na noite de 20 de junho, incêndio violento devorou a casa onde a Câmara Municipal celebrava suas sessões e tinha o seu arquivo (casa do Teles na Praça de Pedro II, até à quina da Rua do Mercado).

O Vice-Rei passou a noite em ânsias, vendo no incêndio ensejo preparado para pronunciamento revolucionário, ao mesmo tempo que o povo só via na horrível fogueira mau agouro do novo governo.

Não foi possível ao Conde de Rezende descobrir a origem do incêndio; mas por isso mesmo o atribuiu aos revolucionários, e multiplicou precauções aterradoras.

Perpétua por ter sido amante do Tiradentes, e porque recebia mineiros a jantar e a cear em sua saleta de pasto, foi objeto de incessante espionagem, e teve a casa por vezes varejada, de modo que em breve temerosos e espantados quase todos os freqüentadores da saleta de pasto dela desertaram, e a Rua do Ouvidor cobriu-se com o véu da tristeza e anuviou-se pelo medo.

Mas a corajosa Perpétua deixou-se ficar em sua casa à espera...

À espera de que?... ela nem podia ter notícias do Tiradentes, considerava como os seus companheiros do infortúnio em segredo nas masmorras da ilha das Cobras.

E todavia ela esperou quase dois anos... esperou até abril de 1792.

A 19 deste mês, o Belo Senhor, que nunca a abandonara, embora Perpétua desde que amara o Tiradentes só lhe permitisse inocentes relações, foi triste anunciar-lhe a horrível sentença proferida pela alçada no dia antecedente.

A pobre moça nem pôde chorar nos primeiros momentos, e convulsa e como atônita, murmurou estupidamente:

— Eu lho disse: foi a perpétua roxa!...

— Que perpétua roxa?... perguntou o Belo Senhor a temer que a infeliz moça começasse a delirar.

— Eu o sei... e ele o sabe: respondeu a amante do Tiradentes.

Horas depois Perpétua Mineira, que não pudera chorar, pálida e abalada por estremecimentos nervosos, tornou-se muda e ficou de novo à espera... ficou alerta.

Não se alimentou, nem dormiu, ficou à espera...

Às onze horas da noite de 20 de abril Perpétua Mineira ouviu sinistro ruído de gente aliás silenciosa quê descia pela Rua Direita, e saiu para ver o que era.

Todas as casas estavam fechadas.

Perpétua Mineira chegando à Rua Direita apoiou-se à parede da quina da Rua do Ouvidor.

E viu... e ouviu...

Viu quase na sombra... viu mal distinto lúgrube préstito de soldados e de presos, e ouviu o tinir das correntes...

Viu pelos ouvidos os soldados em sua marcha compassada e regular, e os presos no gemer das cadeias...

Quando presos e soldados foram em fúnebre silêncio passando diante dela, a mísera e exaltada mulher, adivinhando entre aqueles o amante, que não podia distinguir na escuridão, disse alto, bastante alto para ser ouvida, mas com voz pungente:

— Perpétua!...

As cadeias de um dos condenados retiniram, agitadas por forte tremor, aliás apenas momentâneo.

O Tiradentes tinha reconhecido a voz de Perpétua.

No outro dia, 21 de abril, José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, subiu à história subindo à forca no campo do Rosário.

Quando o seu corpo caiu no patíbulo sob os pés do carrasco, os repiques festivos dos sinos das igrejas e as aclamações oficiais obrigadas abafaram profundíssimo gemido de dor, e a comoção geral não deixou ver, ou o instinto generoso do povo escondeu o crime de um corpo de mulher que tombara como sem vida.

Essa mulher, porém, não estava morta; levaram-na, ou ela tornou a si, e pôde retirar-se... fugir...

A cidade obedeceu à imposição de manifestações de festa e de exultação até as luminárias que se apagaram às dez horas da noite.

Depois reinou na cidade silêncio sepulcral.

Pouco depois da meia-noite uma mulher alta e envolta em negra mantilha avançou misteriosa pelo campo do Rosário até chegar à forca ainda em pé.

O campo estava solitário, era profunda a escuridão... e na escuridão a forca se escondia, como o remorso que se abisma no fundo enegrecido do seio em torturas...

Chegada junto da forca, a mulher tirou das amplas e protetoras dobras de sua mantilha uma lanterna furta-fogo e curvando-se, com os olhos abaixados para o chão, pôs-se a andar em torno do patíbulo e como a procurar algum objeto... sonhado...

A mísera sonhara achar... mas não achou uma - perpétua roxa...

Achou... vestígios de sangue que a terra absorvera...; finalmente, porém, achou... quase um trapo... um pedaço de lenço branco e ensangüentado.

Perpétua, porque era ela, recolheu o pedaço de lenço e, examinando-o à luz da lanterna, descobriu em um dos ângulos as letras J.J.S.X. bordadas à seda...

Ela tinha bordado essas mesmas letras em um lenço do Tiradentes.

Perpétua Mineira beijou dez vezes o pedaço de lenço ainda úmido de sangue, depois guardou-o no seio e sobre o coração.

Quase logo apagou a lanterna, largou-a no chão e pôs-se a caminhar em retirada do campo do Rosário.

Mas então Perpétua Mineira vacilava em sua marcha, e sentia-se extenuada de forças. É que ela não se alimentava nem dormia desde 19 de abril, e já há uma hora tinha começado o dia 22.

A saleta de pasto da Rua do Ouvidor não se tornou a abrir.

Desde a noite de 21 de abril Perpétua Mineira desaparecera e não se soube o destino que levara.

Houve quem dissesse que se encontrara na estrada de Minas Gerais e junto de poste, onde se deixara exposto um dos quartos do corpo de Tiradentes, o cadáver de uma mulher.