Horto (1910)/Natal

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NATAL


A’s moças da Serra



E’ meia noite... O sino alviçareiro,
Lá da Igrejinha branca pendurado,
Como n’um sonho mystico e fagueiro
Vem relembrar o tempo do Passado.

O’ velho sino, ó bronze abençoado,
Na alegria e na magua companheiro!
Tu me recordas o sorrir primeiro
Do menino Jesus immaculado.

E emquanto escuto a tua voz dolente,
Meu ser que geme dolorosamente
Da desventura aos gelidos açoites...

Bebe em teus sons tanta alegria, tanta!
Sino que lembras uma noite santa,
Noite bemdita mais que as outras noites!

1898.