O Brasil Anedótico/CLXVII

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Taunay — "Reminiscências", vol. I, pág.15.

O Visconde do Rio-Branco, quando orava, estendia com freqüência, ora o braço direito, ora o esquerdo, puxando de vez em quando os punhos, ou então levantava no ar o dedo indicador da mão direita fechada. Esse hábito deu ensejo a um verso de Joaquim Serra, que exclamava:

"Embainha, ó Rio-Branco, esse teu dedo!"

O próprio Visconde comentava, às vezes, com espírito, esse seu gesto, explicando

— Quando a idéia, não vale por si para ir bastante alto, suspendo-a na ponta do dedo!

Esse movimento, que era peculiar ao grande tribuno da lei de 28 de setembro, tornou-se famoso no tempo. Certo dia, perguntou o Imperador ao Marquês de Abrantes que tal achava Rio-Branco.

E com entusiasmo:

— Quando ele não pode alcançar a nota que tem de dar, fisga-a na ponta do dedo, e mostra-a ao público!