O Brasil Anedótico/CLXXXI

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Domingos Barbosa — "Silhuetas", pág. 39.

Era Paula Duarte, espécie de Paula Ney maranhense, membro da Junta Governativa instituída no seu Estado com a proclamação do regime republicano, quando um popular, homem de cor, o atacou, em discurso, num comício. Preso à ordem de Casemiro Cunha, chefe de polícia, foi Paula Duarte, em pessoa, interrogá-lo:

— Por que a sua agressão? Diga!

— "Seu" doutor, — começou o preto, gaguejando; — eu pensei...

— Pensou?... — fez Paula Duarte, interrompendo-o. — Tu já viste preto pensar?

E voltando-se para o chefe de polícia:

— Casemiro, quando ele te definir o que é "pensamento", solta-o!