O Brasil Anedótico/CXLIV

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Contada pelo sr. Carvalho a Alberto de Oliveira.

Havia em Niterói, na rua da Praia, um pequeno comerciante de gêneros alimentícios em cujo estabelecimento existia um sótão em que Fagundes Varela, já no fim da vida, se recolhia para escrever os seus versos dos últimos tempos. Foi esse sr. Carvalho que guardou para a literatura o poema inédito Diário de Lázaro.

A esse amigo humilde e generoso, Varela só tratava, porém, de "Anfíbio".

— Ó Anfíbio, como vais? — saudava.

Um dia o sr. Carvalho o interpelou, intrigado:

— Anfíbio? Mas por que me chama você de Anfíbio?

— Ora, ora! — fez o poeta.

E piscando os olhos:

— Tu não sabes então que és... de "secos e molhados"?