A Condessa Vésper/XXXIV

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Terça-feira de carnaval, Gabriel acabava de acordar no seu quarto do "Provençaux" e permanecia na cama a pensar em Eugênia, quando lhe entregaram uma carta tarjada de negro que o convidava para o enterro dela.

Ergueu-se soluçando, sem querer acreditar no que vinha escrito.

Pois seria possível que aquela doce e mísera criatura se partisse desta vida, sem lhe deixar ao menos reduzir o novo desgosto, que ele involuntariamente lhe cravara no coração já tão magoado?... Pois então agora, quando justamente meditava ele os meios de reabilitar-se aos olhos dela, disposto a reagir por uma vez contra todas as degradações a que o arrastara a outra, é que Eugênia lhe fugia para sempre?... E lhe fugia levando consigo, no seu vôo externo, a lancinante impressão do último olhar que os dois entre si trocaram, ela de asas prestes a ganhar o azul, ele de rastros, a espolinhar-se no mais negro lodo da terra!

— Pobre Eugênia! murmurou arquejando o desgraçado. Nem de te chorar são dignas estas impuras lágrimas nascidas em antro tão imundo. Perdoa-me insultar-te ainda a branca memória com esta minha dor hipócrita e covarde. Nelas não creias, nem com elas se enterneça a tua alma compassiva e meiga! Fui eu quem te matou! Fui eu o teu algoz, anjo envenenado pelo amor que te inspirei! Desceste ao pântano, imaculada pomba; deletérios miasmas foi o que encontraste em lugar de amor que procuravas no meu coração de lobo. E agora choras tu, miserável! Cala-te, que o teu pranto põe feias nódoas na virginal mortalha da tua vítima! Traga em silêncio o remorso do teu crime, e volta à tua lama, libertino! Mergulha de novo na vasa em que agora bracejas aflito, e não levantes sequer o pensamento àquela que no mundo só teve uma falha cometida — a de haver um dia suposto digno de ser amado por ela!

E Gabriel, sufocado por uma nova explosão de soluços, rugiu apertando a cabeça entre as mãos:

— Maldito seja eu, contra quem tudo conspira! Foi-se-me a última esperança de salvação! Já nada me resta na vida! Acabou-se tudo!

— Ainda não! bradou numa voz à porta do quarto. Ainda te resta um amigo!

Gaspar! gritou o moço, caindo nos braços do padrasto. Perdoa- me, meu Gaspar!

— Cheguei neste instante e ainda não sei onde tenho a cabeça! disse o Médico Misterioso. Imagina que estava em Cantagalo à cabeceira de um moribundo, quando recebi de Pernambuco uma carta de meu cunhado Paulo Mostella, na qual me participava a crítica situação dos seus negócios e o estado perigoso da mulher. Podes calcular como fiquei com semelhante notícia; eu adorava minha irmã, era ela o último laço da infância que me restava no mundo... Três dias depois, meu doente de Cantagalo expirou. Não esperei por mais nada, corri a Pernambuco, sem me despedir de ti. Chego a essa cidade justamente no dia da falência de Paulo, e encontro Virgínia completamente perdida... Meus esforços foram baldados! Morreu-me nos braços! Paulo tinha de entregar-se no dia seguinte à prisão, a sua quebra foi considerada fraudulenta... mas, quando no momento terrível lhe invadiram o escritório, deram com o seu cadáver aos pés da secretária. Envenenara-se com ópio. Ao lado dele estava esta carta a mim dirigida.

E Gaspar tirou uma carta do bolso, e leu:

"Meu cunhado e amigo.

"Escrevo-lhe na ocasião de morrer, e se lanço mão deste último recurso, é porque confio que o senhor olhará por meu pobre órfão, e nessa hipótese morro descansado.

"Estou desonrado e estou viúvo; isto é, perdi as duas únicas cousas que me faziam viver — minha honra e minha família.

"Gustavo já não é uma criança, tem dezenove anos e pode principiar a vida sem o meu auxílio; peço-lhe, porém, que o ajude com os seus conselhos e com a sua estima.

"Adeus, beijo-lhe as mãos e agradeço-lhe tudo o que fez, e tudo o que fará por nos. — Paulo Mostella".

— Marido e mulher foram enterrados na mesma ocasião e no mesmo lugar, continuou o Médico Misterioso. No dia seguinte, tratei do órfão, e uma semana depois partimos para cá. Mas, trazia comigo uma idéia que muito me preocupava; é que a pessoa encarregada de dar-me notícias tuas me havia escrito, dizendo que Ambrosina fugira com a filha do meu cocheiro; que este morrera de desgostos, e tu procuravas morrer de extravagâncias... Falaram-me de orgias, de desvarios, do diabo! Vinha, enfim, impaciente por tornar a ver-te, quando te acho neste estado de desespero... Já sei! Eugênia morreu, e tu sentes remorsos.. Mas eu cá estou para amparar-te! É preciso que te resignes ao sofrimento e à decepção; a vida, meu filho, não é outra cousa! Entretanto, no dia em que te visse perdido para sempre, creio que não resistiria a esse último golpe, pois és agora a única afeição que me resta... Desvelei-me por ti, fui teu pai, teu amigo e teu guia; suponho que me assiste o direito de pedir-te um favor... Esse favor é que vivas, que trabalhes! é que não te deixes morrer, quando por mais nada, ao menos em consideração a mim!

— E que me importam a vida e o trabalho? Conto eu porventura com a existência? Ah! para o que tenha de viver ainda, não serão, de certo os meios pecuniários que me faltarão!

— Tudo isso é um perfeito engano. Todo o homem precisa de trabalhar!... Quanto ao que possues, por mais que seja, não te chegará para gastares como gastas ultimamente. Lembra-te de que já fizeste vinte e três anos, e se não acentuares agora o teu caráter, se não constituires a tua responsabilidade de homem, muito menos o conseguirás fazer mais tarde. Quero que mudes de vida, repito; quando já não seja por mim, seja ao menos pela memória de quem se vai enterrar hoje!...

— Cala-te! gemeu Gabriel, abaixando o rosto.

E nesse mesmo dia, ardendo em febre, abandonou o hotel "Provençaux", ao lado do padrasto que o reconduziu para casa.

Esteve de cama uma semana inteira, chegando a perigar de morte. Vertiginosamente girava o seu delírio entre dois pólos bem opostos — Ambrosina e Eugênia. Cada um destes dois nomes não lhe saía dos lábios senão para dar lugar ao outro.

Levantou-se da enfermidade, não com a suave melancolia dos convalescentes, mas abatido e triste, como se no fundo do organismo lhe ficasse o vírus de um mal sem cura. Não tinha ele então desses momentos de inefável gozo de reviver, que são como o doce esvair de um crepúsculo entre a moléstia e a saúde; ao contrário, dir-se-ia que o seu espírito, à medida que o corpo recuperava as forças, ia mais e mais se afundando em lôbregas cavernas de desalento. Negra hipocondria toldava-lhe o semblante, varrendo-lhe dos olhos e dos lábios os derradeiros sorrisos.

Meses depois estendido numa chaise-longue, pés cruzados sobre a mesma, charuto ao canto da boca, olhos espetados no teto, quedava-se havia meia hora, silencioso e esquecido da presença do padrasto.

— Mas enfim... perguntou este, batendo-lhe no ombro; que decides?..

— Hein? balbuciou Gabriel.

— Vais ou não?

— Para onde?...

— Ora essa! Viajar! Pois não acabamos de tratar disso?...

— Ah! sim, respondeu o moço, fechando levemente os olhos e mudando de posição na cadeira.

— Mas então?

— É! havemos de ver...

— Ora! estás insuportável!

Gabriel não ouviu já esta última frase, espetou de novo o seu olhar no teto. O padrasto fez um gesto de impaciência e pôs-se a andar de um para o outro lado da sala.

Ouvia-se o relógio palpitar a um canto, e o crepitar das asas de uma abelha, que lutava contra a vidraça da janela. A casa tinha um profundo ar de tristeza; sentia-se que nem sempre por ela circulava o ar, e que aquelas paredes e aquele teto não estavam habituados ao eco alegre do riso de crianças e vozes de mulher. Gaspar, depois de muitas voltas pela sala, foi postar-se novamente defronte de Gabriel.

— Então? disse, vendo que o enteado não dera por sua presença.

— Hein? repetiu o rapaz, fitando-o abstratamente.

O médico então se aproximou mais dele, e lhe tomou uma das mãos. Gabriel deixou cair a cabeça sobre o peito.

Pobre criatura... pensou o padrasto, depois de alguns segundos; muito caro pagas tu a falta de mãe durante a infância! Não serias assim, inútil e perdido, se nos teus primeiros anos de mocidade te inoculasse ela com o seu amor, a idéia do bem e da justiça! E, quem sabe, se não teria eu também grande parte na tua miséria, meu desgraçado filho?... Fui o teu exemplo, o teu guia, o teu mestre; eu! o menos competente para isso, pois que me faltava energia, faltava-me fé na própria vida; faltava-me tudo, menos o tédio e a tristeza; eu sabia que era homem, apenas porque sofria! E é este despojo, é este espectro de homem, que há vinte anos representa para ti todo o teu passado e toda tua família! Ah! não serias sem dúvida o que és, se outro se houvesse encarregado da tua educação moral. Amei-te, só porque vinhas tu de tua mãe. Quanto egoísmo, meu Deus! E, entretanto, o meu amor nunca te serviu de benefício, fez-te ao contrário caminhar sempre na inútil sombra da minha árida tristeza... Eu me revejo em ti, querida vítima!

E Gaspar afastou-se para chorar à vontade. Gabriel deixou-se ficar na mesma postura, agora com o olhar ferrado no chão.

Pairava-lhe o espírito entre duas vastidões inatingíveis e ambas igualmente desejadas; uma, porém, toda claridade de luz sidérea e matinal, outra feita de ardentes chamas agitadas e vermelhas. E os dois infinitos se abraçavam como o céu se abraça com o oceano. Tranças louras, crespos cabelos negros, anjo e demônio se confundiam numa única saudade! E o casto e tímido sorriso do anjo era avidamente bebido pela boca sensual e vermelha do demônio; asas brancas, cobertas de nupcial e imaculado véu, estalavam nas garras do lúbrico e formoso monstro vestido de granada e ouro; alva açucena emurchecia e calava o seu virginal aroma embriagada pelos quentes sândalos do inferno.

Gabriel estava em ambos, e sentia perfeitamente no íntimo do seu desejo, que, apesar de tudo, se pudesse escolher, ele sacrificaria ainda uma vez o anjo ao demônio.

E esta convicção torturava como o vício inconfessável. Repugnava-lhe o seu próprio coração, e sentia a sua alma debaixo dos pés, envergonhada e suja.

A idéia da responsabilidade moral principiava a querer entrar-lhe o espírito, e o desgraçado fugia dela por compreender que lhe faltava coragem para ser homem. Daí a sua atual e constante preocupação — o suicídio. A morte lhe parecia a única solução possível para o infernal dilema daquela sua triste vida. Mas o suicídio também era um grande enfado. Exigia esforço moral e físico. Era afinal um penoso trabalho tão aborrecido talvez como o próprio viver.

— Diabo! exclamou ele, sacudindo a cabeça, para sair de todo do seu pesadelo. Maldita a hora em que nasci!

Gaspar, que o observava, correu a conter-lhe o nervoso ímpeto.

— Que é?! Que tens?! perguntou em sobressalto.

— Nada! nada — Um ligeiro abalo... Passou!

Nessa ocasião, foram interrompidos pela criada:

— Lá fora estava uma velhinha pobre, que desejava falar ao Dr. Gaspar.

— Deve ser algum dos meus doentes, disse o médico, e mandou que a fizessem entrar para o consultório.

Era a velha Benedita, a mãe do cocheiro Jorge, que andava a tirar esmolas pelas casas conhecidas. Gaspar não a reconheceu logo, mas, quando lhe ouviu o nome, a fez conduzir para a sala em que estava Gabriel.

A velha pediu licença de assentar-se, pousou no chão uma trouxa que trazia, e, gemendo a sua fraqueza deixou-se escorregar sobre uma cadeira.

— Ai! ai! suspirou ela, sorrindo, apesar do gemido.

E a pobrezinha de Cristo declarou que já não era senhora das suas pernas.

Estava muito acabada; a morte do filho e a fugida da neta apressaram-lhe a decrepitude.

Gaspar olhava para ela com ar compassivo e desconsolado. A mísera já quase nada restava de aparência humana; era uma fruta seca, lavada em risos de pedinte, a cara toda engrelhadina como uma castanha pilada, as ventas fungosas, e as orelhas bambas e em dependura que nem abalos tortulhos. A boca, inteiramente murcha e sem memória de dentes que a habitaram, não largava um só instante de remoer em seco, e a mandíbula inferior com tal ânsia se atirava à outra, que se diria querer devorá-la com as suas gengivas desbotadas e carcomidas. Por debaixo do queixo escorriam-lhe pelangas chochas e macilentas, e, através das farripas de coco que lhe ouriçavam a cabeça, transparecia-lhe o crânio, casposo e áspero como casco de cágado. Doía vê-la assim, indecorosamente desfeitiada de jeito humano, a agarrar-se com o seu último alento a esta terra onzeneira, a quem todavia bem pouco tinha ainda a pobrezita que restituir de si.

Gabriel não lhe tirava os olhos de cima. A mendiga, depois de muito tossir, vergada sobre a carcaça do peito, começou a falar com um vestígio de voz que lhe restava. Eram sons roufenhos, cheios de falhas e babujados de saliva.

— Que o senhor doutor não se enfadasse! Ela vinha pedir-lhe uma caridadezinha, e saber se porventura havia alguma notícia de sua neta...

Mas a idéia de Laura perturbou-a logo, e a coitada apertou ainda mais os olhinhos, espremendo em lágrimas a sua saudade por entre as remelosas pálpebras.

— Ah! só Deus sabe... só Deus sabe... dizia ela dificultosamente, quase sem se poder exprimir; o muito que tenho padecido! Quando Laura nos abandonou e meu Jorge, meu rico filho! me morreu, fiquei sem saber de mim!

— Mas, se me não engano, observou Gaspar com interesse, a senhora aboletou-se em casa de D. Genoveva e...

— É verdade! eu fui para casa de D. Genoveva; mas é que depois as cousas mudaram de figura... Desde que o Alfredo perdeu o emprego...

— Quê? Pois o Alfredo não continua empregado em casa do Windsor?

A velha sustentava que não; não sabia, porém, explicar os pormenores desse fato. Só o que podia afiançar é que o Alfredo estava muito mal.

E com efeito assim era.

Durante a moléstia de Eugênia, já o amante de Genoveva se queixava do peito e da garganta, mas não tinha ânimo para abandonar o patrão na delicada conjuntura em que este se achava. Agravaram-se, porém os seus incômodos, e viu-se Alfredo obrigado a não sair da cama. Por essa época, Eugênia faleceu, e o pai, inconsolável resolveu retirar-se do comércio brasileiro, e partir com o resto da família para a Inglaterra, donde lhe propunham arranjo de vida.

Ora, entre Alfredo e o sócio restante na casa, havia uma velha rixa, que de muito teria lançado aquele no olho da rua, se não fora a proteção do Windsor.

Uma vez retirado este da sociedade, Alfredo, ainda de cama, recebeu a despedida do emprego com o pequeno saldo de seus ordenados.

Principiou então para ele e para Genoveva uma existência toda de dificuldades. A botica pedia dinheiro, a moléstia queria dieta, e os recursos não chegavam. A mulher atirou-se ao trabalho, tomou encomendas de roupa para lavar, lavou com talento, com coragem e com alma; o que aliás, nada é de estranhar, se nos lembrarmos de que a avó da viúva do comendador Moscoso, conforme dizia esta ao próprio marido, tinha sido no seu tempo a melhor lavadeira do Rocio Pequeno.

Quem puxa aos seus não degenera.

E, ou fosse por atavismo, ou porque a necessidade é o melhor mestre de ofício, o certo é, que Genoveva, a esfregar roupa, agüentava a casa, mantinha no colégio uma pupila, com quem em breve travará o leitor muito boas relações, e acudia com remédios à moléstia do seu homem.

A velha Benedita, essa é que tivesse santa paciência, mas o tempo não estava para caridade!... Que fosse bater a outra freguesia!...

E ela obedeceu, coitadinha! E lá foi bater à porta de Gaspar.

— Descanse, disse este, quando a velha terminou o seu longo aranzel. Não é necessário que peça esmola; recolha-se cá em casa, que nada lhe faltará. Olhe! entre, e a criada lhe dará um cômodo. Vá, vá entrando.

Benedita já se havia levantado.

— E o meu Chimboraso, pode vir comigo? perguntou ela.

— Que vem a ser esse Chimboraso?...

— É o meu cão, Sr. doutor; um diabo de um bicho, que faz uma criatura gostar dele...

E o rosto engelhado de Benedita iluminou-se de alegria com a lembrança daquela sua última afeição.

— Animalito de Deus! Ah! ela havia de mostrá-lo ao Sr. doutor!

— Pois que venha também o Chimboraso, disse o médico, procurando terminar a conversa.

E como a velha tentasse com muita dificuldade pôr-se de joelhos:

— Então? deixemo-nos disso; vá ver o seu cômodo, vá entrando, vá!

Benedita, sem dizer uma palavra, procurava beijar-lhe a mão.

— Ora, não, não! opunha Gaspar, a empurrá-la brandamente para o interior da casa. Vá! vá descansar!

— Ela obedeceu, agradecendo muito a esmola que recebia, e prometendo não se esquecer de Gaspar nas suas orações.

Já na porta, parou, e voltou-se para dizer:

— É que eu tenho tamanho medo de não resistir ao desamparo!... Quando penso na morte, fico toda fria: Oh! não quero a cova!

Gabriel olhou para ela com surpresa.

— A morte!... que terrível cousa deve ser a morte. E a velha fez-se mais lívida. Quanto deve custar a uma criatura sair desta existência para ir meter-se debaixo da terra, num buraco! Ficar a gente fria, dura como um pedaço de pau, à espera que as carnes criem bicho, que os bichos nos chupem até fazer o osso limpo! Oh! deve ser terrível! Que medo me faz a morte!

E depois de uma pausa, acrescentou com o olhar fito:

— Bem sei que pouco vale a vida. Isto tudo é miséria, isto tudo é engano, isto tudo é sofrer, mas em todo o caso não é a morte, não é o buraco na terra! Que bela cousa é a vida! Já não tenho olfato, nem paladar; já quase não posso ver; já não gozo amores, e, contudo, faço muito gosto neste restinho de vida. Nada! assim mesmo velha, assim mesmo que não presto, quero a minha rica vidinha, quero ver isto por cá! Para morrer, todo tempo é tempo! Viva a galinha com a sua pevide!

E, com um riso do outro mundo, a velha saiu afinal, cantarolando e tremendo.

Gabriel ficou por muito tempo a olhar para a porta por onde ela saiu.

— Feliz destroço!... disse ele. Que inveja me faz a tua miséria!