Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/A Ideia

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A Ideia


 
De onde ella vem?! De que materia bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cáe de incógnitas cryptas mysteriosas
Como as estalactites duma gruta?!

Vem da psychogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encephalo absconso que a constringe,
Chega em seguida ás cordas do larynge,
Tisica, tenue, minima, rachitica.
 
Quebra a força centripeta que a amarra,
Mas, de repente, e quasi morta, esbarra
No mulambo da lingua paralytica!