A um Epiléptico

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Perguntarás quem sou?! - ao suor que te unta,

À dor que os queixos te arrebenta, aos trismos

Da epilepsia horrenda, e nos abismos

Ninguém responderá tua pergunta!


Reclamada por negros magnetismos

Tua cabeça há de cair, defunta

Na aterradora operação conjunta

Da tarefa animal dos organismos!


Mas após o antropófago alambique

Em que é mister todo o teu corpo fique

Reduzido a excreções de sânie e lodo,


Como a luz que arde, virgem, num monturo,

Tu hás de entrar completamente puro

Para a circulação do Grande Todo!

(Outras Poesias, 28)