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Acho-me da fortuna salteado

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Acho-me da fortuna salteado;
O tempo vai fugindo presuroso,
Deixando-me da vida duvidoso,
E cada instante mais desesperado.

Trocou-se o meu descuido em tal cuidado,
Que donde a gloria he mais, he mais penoso.
Nem vivo de perder-me receoso,
Nem de poder ganhar-me confiado.

Qualquer ave nos montes mais agrestes,
Qualquer fera na cova repousando,
Tẽe horas de alegria: eu todas tristes.

Vós, saudosos olhos, que o quizestes,
(Pois com tormento Amor me está pagando)
Chorai, como que vêdes, o que