Archivo nobiliarchico brasileiro/Tamandaré (Barão e Visconde com grandeza, Conde e Marquez de)

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TAMANDARÉ. (Tamandaré, Barão e Visconde com grandeza, Conde e Marquez de) Joaquim Marques Lisbôa.

Nasceu na Provincia do Rio Grande do Sul, em 13 de Desembro de 1807.

Falleceu no Rio de Janeiro em 29 de Março de 1897.

Filho de José Antonio Lisboa, Commendador da I. Ordem de Christo e do Conselho de S. M., fallecido em 29 de Julho de 1850, e de sua mulher D. Maria Euphrasia de Lima. Irmão do Barão de Japurá, Miguel Maria Lisboa.

Sentou praça como voluntario em 1823, chegando ao posto de Almirante depois de um brilhantissimo passado que o tornou uma das mais legitimas glorias de Marinha Brasileira.

Referindo-se as provas de estima dadas á este Benemerito por S. Magestade o Senhor D. Pedro II, o Instituto Historico e Geographico Brasileiro, em sua Revista, LX. a fl. 447, que contem o seu elogio historico, narra o seguinte caso que temos o praser de transcrever:

Quando o Imperador foi em 1859 visitar as provincias do Norte, a divisão naval que o transportava era commandada pelo chefe de esquadra Joaquim Marques Lisboa.

No regresso ao Rio de Janeiro fundeou a divisão no porto de Tamandaré, em Pernambuco. Ahi pediu licença Marques Lisboa ao Imperador para trazer em um dos navios os restos mortaes de seu irmão Manoel Marques Lisboa Pitanga, que se achavam enterrados no cemiterio de Tamandaré, afim de deposital-os no tumulo da familia no Cajú (Rio de Janeiro). Quiz o Imperador saber como tinha fallecido n′aquella pequena villa, um irmão do chefe de esquadra Lisboa, e referio-lhe este que Manoel Marques Lisboa Pitanga, depois de combater como voluntario na guerra da Independencia, adherira á revolução de 1824, que pretendia fundar a Confederação do Equador. Ahi, em Tamandaré, commandava elle uma força revolucionaria que foi atacada e vencida por outra do Governo, depois de renhido combate em que Pitanga praticára actos de heroismo, preferindo deixar-se matar á entregar-se.

Ouvida esta revelação, ordenou o Imperador que a transladação dos restos de Pitanga a bordo do navio que os devia levar fosse feita com todas as honras devidas á um militar valente e pundonoroso, por illegitima que fosse a causa que defendia.

Mais tarde quando o Imperador quiz distinguir o chefe de esquadra Marques Lisboa com um titulo, o Ministro Paes Barrets propoz um titulo do Rio Grande do Sul, provincia da qual era oriundo aquelle militar, mas o Imperador atalhou-o dizendo que queria que elle fosse Barão de Tamandaré, em recordação da gloriosa morte daquelle irmão.

E assim succedeu que o titulo de Barão, depois Visconde e Marquez de Tamandaré teve uma origem republicana.

Ajudante de Campo de S. M. o Imperador, era Almirante, Conselheiro de Guerra, Gentil-Homem da Imperial Camara, Grã-Cruz effectiva da Imperial Ordem da Rosa, da de S. Bento de Aviz, Dignitario da Imperial Ordem do Cruzeiro, Grã-Cruz de S. Januario de Napoles, da Corôa de Ferro e da de Francisco José, da Austria. Tinha as medalhas da Independencia da Bahia, da Boa Ordem, de oiro de Paysandú e Uruguayana, e a Geral da Campanha do Paraguay com passador de oiro.

BRAZÃO DE ARMAS: O de seu irmão, o Barão de Japurá. Escudo esquartelado: no primeiro quartel, as armas dos Ribeiros, em campo de oiro, tres faxas verdes; no segundo quartel, as armas dos Soares de Oliveira, em campo azul, uma aspa de prata entre quatro flôres de liz de ouro; no terceiro quartel, as armas dos Limas, que são um escudo dividido em tres palas: na primeira pala, as armas do Aragão, isto é, em campo de ouro quatro barras vermelhas, e nas duas outras palas, o escudo esquartelado dos Silvas, em campo de prata um leão de purpura armiado de azul, com o de Souto-Maior, que são em campo de prata enxequetado de ouro e vermelho, de tres peças em pala; no quarto quartel, as armas dos Paes, em campo de prata, nove lisonjas em tres palas enxequetadas de azul e vermelho. Timbre dos Oliveiras, que é a aspa de prata e flôr de liz de ouro das armas; e por differença um Castello de prata em campo azul. (Brazão passado em 20 de Agosto de 1848. Reg. no Cartorio da Nobreza, Liv. VI, fls. 7).

CORÔA: A de Marquez.

CREAÇÃO DOS TITULOS: Barão com grandeza por decreto de 14 de Março de 1860. Visconde com grandeza por decreto de 18 de Fevereiro de 1865. Conde por decreto de 13 de Desembro de 1887. Marquez por decreto de 16 de Maio de 1888.