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Arte Suprema

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Tal como Pigmalião, a minha idéia
Visto na pedra, talho-a, domo-a, bato-a;
E ante os meus olhos e a vaidade fátua
Surge, formosa e nua, Galatéia

Mais um retoque, uns golpes... e remato-a;
Digo-lhe: "Fala!" ao ver em cada veia
Sangue rubro, que a cora e aformoseia...
E a estátua não falou, porque era estátua.

Bem haja o verso, em cuja enorme escala
Falam todas as vozes do universo
E ao qual também arte nenhuma iguala.

Quer mesquinho e sem cor, quer amplo e térso
Em vão não é que eu digo ao verso: "Fala!"
E ele fala-me sempre, porque é verso.

Esta obra entrou em domínio público no contexto da Lei 5988/1973, Art. 42, que esteve vigente até junho de 1998.


Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.