Horto (1910)/Celeste

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CELESTE


A uma creança



Eu fiz do Céo azul minha esperança
E dos astros dourados meu thesoiro...
Imagina porque, doce creança,
Nas noites de luar meus sonhos doiro!

Adivinha, si podes, quanto é mansa
A luz que boia sob um cilio de oiro.
E como é lindo um laço azul na trança
Embalsamada de um cabello loiro!

Imagina porque peço, na morte,
— Um esquife todo azul que me transporte,
Longe da terra, longe dos escolhos...

Imagina porque... mas, lirio santo!
Não digas a ninguem que eu amo tanto
A côr de teu cabello e dos teus olhos!

Jardim — Agosto de 1897.