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Credo de Liberdade/2

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Em Torno da Declaração
de Independência

 


A 4 DE JULHO DE 1776, proclamou o Segundo Congresso Continental a Declaração de Independência, rompendo oficialmente os laços que ligavam as treze colônias primitivas à corôa da Grã-Bretanha, e dando origem a uma nova nação. Mediante êsse documento se fundaram os Estados Unidos da América, e pela primeira vez na história da humanidade se viu um povo constituir-se em nação soberana, não como fruto de dilatada evolução, mas de acordo com um plano preciso e definido, firmando sua vida nacional livre e deliberadamente num ideal democrático.

Em 1774-1775, após uma década em que mais e mais se exacerbavam os ânimos, as dissidências entre a Grã-Bretanha e as Treze Colônias não se limitavam a causas de natureza meramente econômica. Foi só mais tarde, porém, em fins de 1775, que se manifestou um irreprimível desejo de independência após as refregas havidas em Lexington e Concord, e em seguida ao verbo inflamado de Patrick Henry, que lançou na Virginia o grito de “liberdade ou morte.”

Em janeiro de 1776 se dava à estampa o Senso Comum de Tom Paine, obra vigorosa que advogava medidas extremas. Precipitaram-se então os sucessos. À medida que aumentava o movimento revolucionário ia enfraquecendo a autoridade britânica e as Colônias iam estabelecendo governos próprios. Os seus delegados ao Congresso, interpretando o sentimento dos colonizadores, debateram o rompimento final com a Grã-Bretanha.

Em 2 de julho de 1776 foi aprovada uma resolução declarando que “estes Estados Unidos são e devem ser de direito estados livres e independentes.” Dois dias mais tarde adotava o Congresso a Declaração de Independência, formulada por uma comissão. Thomas Jefferson, cujo nome ocupa nos Estados Unidos um lugar ao lado de Washington e Lincoln, fôra o autor do mais conhecido a mais nobre dos documentos oficiais americanos.

Só no último parágrafo é que se declara a independência, expondo-se nos precedentes, que compreendem nove décimos do total, as razões a isso conducentes. A Declaração começa por definir com grande eloquência os princípios morais sobre que se baseia a revolta. A seguir, dá uma relação dc atos opressivos específicos cometidos pela Corôa, provando-se haverem sido violados todos os artigos dêsse monumento inglês, a Declaração dos Direitos e das Garantias Individuais. Termina proclamando aberta e denodadamente a independência e soberania nacionais.

“Com tanta lógica para convencer, como fervor para inspirar entusiasmo,” essa Declaração expressa os princípios políticos e sociais que deram origem à Guerra de Independência. Seus conceitos idealísticos não se ajustavam perfeitamente às condições de vida nos Estados Unidos em 1776, como aínda o não são hoje. Serviram porém, para justificar a formação de uma nação independente no Novo Mundo, e seus ideais têm sido como um facho luminoso através dos anos, guiando os americanos cada vez mais perto dêsses nobres conceitos.

 
Apresentação da Declaração de Independência. Quadro de John Trumbull que se
conserva no Capitólio.
 
 
Reprodução fotográfica do primeiro facsimile da Declaração de Independência. O facsimile foi preparado em (texto ilegível)
por ordem de John Quincy Adams, Secretário de Estado, e serviu para todas as reproduções posteriores do documento.
O original guarda-se numa urna especial, constantemente vigiada, na Biblioteca do Congresso.

Este trabalho está em domínio público nos Estados Unidos por tratar-se de uma obra do Governo dos Estados Unidos (veja 17 U.S.C. 105).