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Dicionário de Cultura Básica/Cyrano

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CYRANO de Bergerac (peça teatral de Edmond Rostand)

Refletir é desordenar os pensamentos...
Eu não tenho verdades, somente convicções.
(Rostand)

Edmond Eugène Alexis Rostand (1868–1918), poeta e dramaturgo francês, representa a reação neo-romântica ao teatro naturalista. A obra que o tornou internacionalmente famoso foi Cyrano de Bergerac. O personagem-título é uma adaptação teatral de uma figura histórica, um homônimo que viveu na época barroca, soldado e poeta, que adquiriu fama pelo seu nariz descomunal e pelas suas Cartas de amor. Rostand faz de Cyrano um herói tipicamente romântico, com nuances de cavaleiro medieval: gentil, de nobres sentimentos, apreciador do amor sincero, da amizade, do altruísmo, que luta contra a covardia, a hipocrisia, a opressão dos poderosos. O centro romanesco: Cyrano, homem maduro e com um nariz enorme, ama a linda Roxana, sua prima. Mas ela está mais ligada na beleza do jovem Cristiano, amigo de Cyrano. Só que o rapaz não possui a arte de seduzir as mulheres, pois lhe falta o brilhantismo verbal, os ditos inteligentes e espirituosos, que tanto encantam Roxana. Cyrano, então, renuncia ao seu amor pela prima em favor do amigo, ensinando-lhe como conquistar o coração da jovem. O plano tem pleno êxito: Roxana se apaixona pelas belas palavras e pelas cartas inflamadas de Cristiano que, na verdade, são de autoria de Cyrano. Somente no fim da peça, anos depois da morte do marido Cristiano, Roxana vai perceber a nobreza de sentimentos e o amor profundo que seu primo sentira por ela. Mas é tarde demais: Cyrano também morre, vítima de um ferimento. Esta peça teve, tem e continuará tendo grande sucesso de público, pois o personagem-título simboliza o que poderíamos chamar de "romantismo eterno". O sentimento profundamente altruísta da renúncia do próprio amor, ajudando o rival a conseguir o afeto da jovem, objeto do seu próprio desejo, encanta a vasta camada de público que gosta de ver projetado no palco, como na tela do cinema ou da televisão, a imagem do ser humano idealizado, capaz de sublimar seus instintos. Acrescente-se ainda que um motivo tão sublime é tratado sem nenhum pedantismo ético ou religioso, mas com um tom alegre, divertido, pois a feiúra do nariz de Cyrano contrasta com a beleza de seu coração e de seus ditos espirituosos. A peça Cyrano de Bergerac teve a melhor adaptação cinematográfica com o nome de Roxanne (1987), com direção de Fred Schepisi e interpretação de Steve Martin, Daryl Hannah e Rick Rossovich.