Dicionário de Cultura Básica/Estética

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ESTÉTICA (concepção do "belo", estilística) → ArteRetórica

Se Deus realmente existisse, atenderia ao desejo dos homens
e todas as mulheres do mundo
teriam o corpo da modelo Gisele Bünchen,
sem nunca envelhecerem.

A palavra grega aisthetiké significa o sentimento, a percepção do que é bonito. Platão foi o primeiro filósofo a indagar a essência da Arte, relacionando a beleza com o bom, o útil e o verdadeiro. Na mesma linha do Idealismo, o pensador alemão Hegel confirma a tradição crítica, afirmando que "o belo se define como a manifestação sensível da verdade". Sim, mas essa verdade artística é "subjetiva" ou "objetiva"? Quer dizer, existem parâmetros inquestionáveis para determinar o que é belo e o que é feio? Segundo a concepção clássica, a arte é "harmonia de formas", existindo o belo no equilíbrio, na proporção entre as partes. Aristóteles já afirmara que "a beleza é o esplendor da forma". A beleza, portanto, pode apresentar protótipos universais e eternos, tais como Helena de Tróia, A Divina Comédia, de Dante Alighieri ou o quadro La Gioconda de Leonardo da Vinci. Já a concepção romântica da arte é subjetiva, considerada uma variável no espaço e no tempo. O homem romântico pode se apaixonar por uma peculiaridade fora de um contexto, apenas pela cor dos olhos de uma mulher, por exemplo, ou pelas ondas disformes de uma tempestade marítima. Sobre a objetividade da beleza, com relação à atração sexual, é interessante ler a recente publicação da pesquisa de Nancy Etcoff, A Lei do mais Belo, patrocinada pela Universidade americana de Harvard. Parece comprovado cientificamente que a química do cérebro de homens heterossexuais é realmente estimulada ao olhar o espetáculo de uma mulher linda, conforme a concepção clássica ou objetiva da beleza. A visão de uma mulher de traços delicados, pele nova e firme, cintura fina e quadris largos, olhos grandes, mas proporcionais ao rosto, com uma relação harmoniosa entre peso e altura, causa um frisson nas áreas mais primitivas do cérebro do ser masculino hétero, provocando a mesma reação química de outros vícios que criam dependência, tais como cocaína, álcool, jogos de azar. O mesmo efeito não se produziu no cérebro dos homossexuais, olhando uma mulher bonita, nem nos héteros na presença de uma mulher feia ou de um homem de corpo bem feito. Os resultados da pesquisa levam ao triunfo da concepção clássica do belo, pois na mulher considerada bonita (tipo estrela do cinema ou modelo de passarela) existe algo de objetivo, cientificamente provado, válido em qualquer tempo e em qualquer lugar, pois os homens que se submeteram aos testes eram de culturas diferentes. Como diria o nosso grande poeta Vinicius de Morais, "as feias que me desculpem, mas na mulher a beleza é fundamental". Também o poeta Stendhal tinha um gosto estético refinado. Ele definiu a beleza como "a promessa de felicidade", algo de permanente, diferentemente da moda, sujeita a contínuas mudanças. Enfim, a beleza (feminina ou masculina, objetiva ou subjetiva), em qualquer tipo de sociedade, sempre foi e continua sendo cultuada como um valor, tal como a juventude, a inteligência, a riqueza, o poder, o saber. Já, do ponto de vista teórico, o problema do julgamento estético está sempre ligado a uma concepção filosófica. Assim, falamos de estética ou de estilo de vida e de arte romântica, positivista, clássica, modernista etc.