Dicionário de Cultura Básica/Fenomelogia

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FENOMELOGIA (corrente filosófica, modalidade do conhecimento) → Formalismo

Phainomenon, em grego, literalmente, significa "o que aparece", o fato natural constatado, o objeto da experiência. A Fenomelogia seria, portanto, a doutrina da aparência, definida por Hegel (Fenomenologia do Espírito) como "a ciência da experiência que faz a consciência", quer dizer: é o estudo do fenômeno que nos dá o conhecimento. O pai da fenomenologia foi o filósofo alemão Edmund Husserl (1859–1938), que negava o valor das teorias científicas, apregoando o "retorno às coisas", aos fenômenos da natureza. O principal propósito da Fenomenologia é descrever a essência, a estrutura dos objetos e dos acontecimentos. Para Husserl, todo conhecimento está na consciência que vê e analisa as coisas da vida. A consciência intencional é o elemento invariável do saber, pois é ela que confere unidade à série dos sucessivos esboços apresentados pelos fenômenos exteriores. Importante é a contribuição da Fenomenologia para a análise e a crítica literária. O enfoque fenomenológico limita-se à descrição da obra literária, considerada como um "fenômeno", isto é, como ela "aparece" aos olhos e à intuição do observador. A experiência perceptiva é o fundamento de todas as operações da consciência. O crítico fenomenológico aproxima-se da obra com mente pura, afastando de si as influências de qualquer tradição literária, de qualquer autoridade crítica, de qualquer pressuposição lógica sobre a constituição do objeto artístico, de qualquer modelo de análise preestabelecido. A fenomenologia é, ao mesmo tempo, "um modo de ver" e um "método". O método consiste no modo de ver e este modo de ver constitui o método. A análise fenomenológica distingue no objeto artístico vários "aspectos" ou "estratos". Ela põe em evidência o aspecto óptico, fônico, lexical, sintático, figurado, ideológico etc. É preciso salientar, porém, que esta estratificação só existe graças ao esforço analítico do crítico, pois o texto é percebido pelos sentidos e pela consciência, à primeira vista, como um todo orgânico, uma forma homogênea. Os princípios da fenomenologia só recentemente foram aplicados ao estudo da literatura por Roman Ingarden (A obra de arte poética, 1965) ligado à escola fenomenológica de Husserl. Outros críticos literários que, de algum modo, estão ligados à fenomenologia: Jean-Paul Sartre e Marleau-Ponty. A abordagem fenomenológica do texto ou do objeto artístico é uma variante da análise "interna" de uma obra, estando próxima do Formalismo e do Estruturalismo. Ver também → Crítica.