Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923)/A Cathedral: diferenças entre revisões

Wikisource, a biblioteca livre
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
nova página: {{navegar |obra=A Catedral |autor=Alphonsus de Guimaraens |anterior= |posterior= |seção= |notas= }} <poem> Entre brumas, ao longe, surge a aurora, O hialino orval...
 
m clean up
Linha 53: Linha 53:
Pobre Alphonsus!Pobre Alphonsus!
Pobre Alphonsus!Pobre Alphonsus!
</poem>
</poem>

[[Categoria:Alphonsus de Guimaraens]]
[[Categoria:Alphonsus de Guimaraens]]
[[Categoria:Poesia]]
[[Categoria:Poesia]]

Revisão das 00h48min de 11 de outubro de 2008


Entre brumas, ao longe, surge a aurora,
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.

A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu risonho,
Toda branca de sol.

E o sino canta em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!

O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.

A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a benção de Jesus

E o sino clama em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!

Por entre lírios lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a lua a rezar.
O entardecer aumenta a agonia do poeta.

A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho,
Toda branca de luar.
E o sino chora em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!

O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.

E a catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.
E o sino geme em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus!Pobre Alphonsus!