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|obra=[[A Mulher de Preto]]
O amor não adiantava um passo.
Podiam ser ambos
Esta situação incomodava o rapaz, acanhava-o, e fazia-o sofrer; mas quando ele pensava em dar um ataque decisivo, era exatamente quando se mostrava mais
Era o primeiro amor do rapaz: ele nem conhecia as palavras próprias desse sentimento.
— Adeus, Estêvão! disse o recém-chegado. Estavas escrevendo algum libelo ou carta de namoro?
— Nem uma nem outra
— Dou-te uma notícia.
— Ah!
— É verdade,
— Deus me livre! disse Estêvão levantando-se.
— Hás de ouvir, meu amigo; ao menos algumas cenas; dar-se-á caso que não me protejas nas letras? Anda cá; ao menos duas cenas. Sim? É pouca
Estêvão sentou-se.
O dramaturgo continuou:
— Talvez prefiras ouvir a minha tragédia intitulada
— Não, não; prefiro a comédia: é menos sanguinária. Vamos lá.
O Oliveira abriu o rolo, arranjou as folhas, tossiu e começou a ler o que se segue, com voz pausada e fanhosa:
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CENA I
CÉSAR (''entrando pela direita''); JOÃO (''pela esquerda'')▼
C É S A R — Fechada! A sinhá já se levantou?▼
J O Ã O — Já, sim senhor; mas está incomodada.▼
J O Ã O — Tem... está mcomodada.▼
CÉ S AR — Já sei. (''Consigo'') "Os incômodos do Costume". (A João) Qual é então o remédio hoje?▼
JOÃO — O remédio? (''Depois de uma pausa'') Não sei.▼
▲
CÉSAR — Está bom, vai-te!
CENA II
CÉSAR, FREITAS (''pela direita'')▼
C É S A R — Bom dia. Sr. procurador . . .▼
FREITAS — De causas perdidas. Só me ocupo em procurar as perdidas. Procurar o que se não perdeu é tolice. A minha constituinte?
CÉSAR — (''Sentando-se'') Mesmo para mim. Por que me olha com esse olhar? Tem inveja?▼
FREITAS — Não é inveja, é admiração! De ordinário ninguém corresponde ao nome que recebeu na pia; mas o Sr. César, benza-o Deus, não desmente que traz um nome significativo, e trata de ser nas págmas amorosas o que foi o outro nas batalhas campais.▼
CÉSAR — Pois também os procuradores dizem cousas destas?▼
FREITAS — De vez em quando. (''Indo sentar-se'') V. S.a admira-se?▼
CÉSAR — (''Tirando charutos'') Como não é de costume... quer um charuto?▼
▲FREITAS — Não é inveja, é admiração! De ordinário ninguém corresponde ao nome que recebeu na pia; mas o Sr. César, benza-o Deus, não desmente que traz um nome significativo, e trata de ser nas
FREITAS — Obrigado... Eu tomo rapé. (''Tira a boceta'') Quer uma pitada?▼
C É S A R — Obrigado.▼
FREITAS — (''Sentando-se'') Pois a causa da minha constituinte vai às mil maravilhas. A parte contrária requereu assinação de dez dias, mas eu vou...▼
▲FREITAS — (
CÉSAR — Está bom, Sr. Freitas, eu dispenso o resto; ou então não me fale linguagem do foro. Em resumo, ela vence?
FREITAS — Está claro. Tratando provar que...
FREITAS — Pudera não vencer! Pois se eu ando nisto...
FREITAS — Ainda não me lembro de ter perdido uma só causa: isto é, já perdi uma, mas é porque nas vésperas de ganhar disse-me o constituinte que desejava perdê-la. Dito e feito. Provei o contrário do que já tinha provado, e perdi... ou antes, ganhei, porque perder assim é ganhar.
CÉSAR — É a fênix dos procuradores.
FREITAS — (
C É S. A R — Mas a consciência?▼
FREITAS — Quem é a consciência?
CÉSAR — A consciência, a sua consciência?
FREITAS — A minha consciência? Ah! essa também ganha.
C É S. A R — (''Levantando-se'') Ah! também? . . .▼
FREITAS — (''O mesmo'') Tem V. S.a alguma demandazinha?▼
CÉSAR — Não, não, não tenho; mas, quando tiver, fique descansado, vou bater à sua porta. . .▼
▲FREITAS — Sempre às ordens de V.S.a.
FREITAS — Sempre às ordens de V. Sa.
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[[Categoria:A Mulher de Preto|Capítulo 07]]
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