Em Tradução:A Arte da Guerra/I: diferenças entre revisões

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|obra=[[A Arte da Guerra]]
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|autor=Sun Tzu
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|anterior=[[A Arte da Guerra|II]]
|posterior=[[A Arte da Guerra/II|Capítulo 2]]}}
|posterior=[[A Arte da Guerra/III|Capítulo 3]]}}


{{versículo|1|1|Uma vez começada a batalha, ainda que estejas ganhando, se continuar por muito tempo, desanimará a tuas tropas e embotará tua espada. Se estás sitiando uma cidade, esgotarás tuas forças. se manténs teu exército durante muito tempo em campanha, teus mantimentos se esgotarão.}}
{{versículo|1|1|Sun Tzu disse: A arte da guerra é de importância vital para o Estado. É a matéria da vida e da morte, o caminho que leva à salvação ou à ruína do Império: é forçoso saber manejá-la bem. Não refletir seriamente sobre o que ela concerne é dar prova de culpável indiferença no que diz respeito à conservação ou perda do que nos é mais querido, e isto não deve ocorrer entre nós.}}


{{versículo|1|2|As armai são instrumentos de má sorte; empregá-las por muito tempo produzirá calamidades. Como se tem dito: "Os que a ferro matam, a ferro morrem." Quando tuas tropas estão desanimadas, tua espada embotada, esgotadas estão tuas forças e teus mantimentos são escassos, até os teus se aproveitarão de tua debilidade para sublevar- se. Então, ainda que tenhas conselheiros sábios, ao final não poderás fazer que as coisas saiam bem.}}
{{versículo|1|2|Cinco coisas principais devem ser objetos de nossa constante meditação e de nosso cuidado, como fazem os grandes artistas que ao empreender qualquer grande obra têm presente ao espírito aquilo que propõem , e aproveitando tudo o que vêem e tudo o que entendem, não negligenciam adquirir novos conhecimentos e todos os recursos que possam conduzi-los ao êxito.}}


{{versículo|1|3|Por cauda disso, tem-se ouvido falar de operações militares que são torpes e repentinas, porém nunca se viu nenhum especialista na arte da guerra que mantivesse a campanha por muito tempo. Nunca é benéfico para um país deixar que uma operação militar se prolongue por muito tempo.}}
{{versículo|1|3|A primeira destas coisas é o Tao, a segunda o Tempo, a terceira o Terreno, a quarta o Comando e a quinta a Disciplina.}}


{{versículo|1|4|O Tao é aquilo que faz o povo em harmonia com o governante de modo que o siga onde for sem temer por suas vidas nem correr qualquer perigo.}}
{{versículo|1|4|Como se diz comumente, seja rápido como o trovão que retumba antes de que tenhas podido tapar os ouvidos, veloz como o relâmpago que brilha antes de haver podido piscar.}}


{{versículo|1|5|Portanto, os que não são totalmente conscientes da desvantagem de servir-se das armais não podem ser totalmente conscientes das vantagens de utilizá-las.}}
{{versículo|1|5|O Tempo significa o Ying e o Yang, a noite e o dia, o frio e o calor, dias ensolarados ou chuvosos e a mudança das estações.}}


{{versículo|1|6|Os que utilizam os meios militares com perícia não ativam suas tropas duas vezes, nem proporcionam alimentos em três ocasiões, com um mesmo objetivo.}}
{{versículo|1|6|O Terreno implica as distâncias e faz referência onde é fácil ou difícil deslocar-se, se em campo aberto ou lugares estreitos. Isto influencia as possibilidades de sobrevivência.}}


{{versículo|1|7|Isto quer dizer que não se deve mobilizar ao povo mais de uma vez por campanha, e que imediatamente depois de alcançar a vitória não se deve regressar ao próprio pais para fazer uma segunda mobilização. A principio isto significa proporcionar alimentos (para as próprias tropas), porém depois se tiram os alimentos ao inimigo.}}
{{versículo|1|7|O Comando deve ter as seguintes qualidades: Sabedoria, Sinceridade, Benevolência, Coragem e Disciplina.}}


{{versículo|1|8|Se ao invés de tomar os mantimentos e armas de teu próprio país, retirares do teu inimigo, estarás bem abastecido de armas e provisões.}}
{{versículo|1|8|Por último a Disciplina deve ser compreendida como a organização do exército, as graduações e classes entre os oficiais, o regulamento das rotas de mantimentos e a provisão de material militar ao exército.}}


{{versículo|1|9|Quando um pais empobrece por causa das operações militares, isso se deve ao transporte de provisões de um lugar distante. Se as transportas desde um lugar distante, o povo empobrecerá.}}
{{versículo|1|9|Estas cinco coisas devem ser conhecidas pelo general. Quem as domina vence, quem não as domina será derrotado. Por isto, ao fazer planos, deve-se comparar os seguintes fatores valorizando cada um com extremo cuidado:}}


{{versículo|1|10|Os que habitam próximo de onde está o exército podem vender suas colheitas a preços elevados, porém se acaba deste modo o bem-estar da maioria da população.}}
{{versículo|1|10|''Qual dirigente é mais sábio e capaz?''}}


{{versículo|1|11|Quando se transportam as provisões muito longe, ocorre ruína por causa do alto custo. Nos mercados próximos ao exército, os preços das mercadorias aumentam. Portanto, as longas campanhas militares constituem uma ferida para o país.}}
{{versículo|1|11|''Qual comandante possui maior talento?''}}


{{versículo|1|12|Quando se esgotam os recursos, os impostos se arrecadam sob pressão. Quando o poder e os recursos se tenham esgotado, arruina- se o próprio pais. O povo é privado de grande parte de seus produtos, enquanto os gastos do governo para armamentos se elevam.}}
{{versículo|1|12|''Qual exército obtém vantagens da natureza e do terreno?''}}


{{versículo|1|13|Os habitantes constituem base de um país, os alimentos são a felicidade do povo. O príncipe deve respeitar este fato e ser sóbrio e austero em seus gastos públicos.}}
{{versículo|1|13|''Quais tropas são as mais fortes?''}}


{{versículo|1|14|Em conseqüência, um general inteligente luta por desprover o inimigo de seus alimentos. Cada porção de alimentos tomados ao inimigo equivale a vinte que te forneces a ti mesmo.}}
{{versículo|1|14|''Quais exércitos observam melhor os regulamentos e instruções?''}}


{{versículo|1|15|Assim, pois, o que arrasa o inimigo é a imprudência e a motivação dos teus em fazer desaparecer os benefícios dos adversários.}}
{{versículo|1|15|''Quais tropas são mais fortes?''}}


{{versículo|1|16|Quando recompensas teus homens com os benefícios que ostentavam os adversários eles lutarão com iniciativa própria, e assim poderás tomar o poder e a influência que tinha o inimigo. É por isto que se diz que onde há grandes recompensas há homens valentes.}}
{{versículo|1|16|''Qual exército tem oficiais e tropas melhor treinadas?''}}


{{versículo|1|17|''Qual exército administra recompensas e castigos de forma mais justa?''}}
{{versículo|1|17|Por conseguinte, em batalha de carros, recompensa primeiro o que tomar ao menos dez carros.}}


{{versículo|1|18|Se recompensas a todo mundo, não haverá suficiente para todos; assim, pois, oferece uma recompensa a um soldado para animar a todos os demais. Troca suas cores (dos soldados inimigos feitos prisioneiros), utilize-os misturados aos teus. Trata bem os soldados e presta-lhes atenção. Os soldados prisioneiros devem ser bem tratados, para conseguir que no futuro lutem para ti. A isto se chama vencer o adversário e incrementar por acréscimo em tuas próprias forças.}}
{{versículo|1|18|Ao estudar este sete fatores será possível adivinhar qual lado sairá vitorioso e qual lado sairá derrotado.}}


{{versículo|1|19|Se utilizas o inimigo para derrotar o inimigo, serás poderoso em qualquer lugar aonde fores.Assim, pois, o mais importante em uma operação militar é a vitória e não a persistência. Esta última não é benéfica. Um exército é como o fogo: se não o apagas, se consumirá por si mesmo.}}
{{versículo|1|19|O general que seguir o meu conselho certamente vencerá. Este general deverá ser mantido no comando. Aquele que ignora o meu conselho certamente será derrotado. Este deve ser substituído.}}


{{versículo|1|20|Portanto, sabemos que o que está à cabeça do exército está a cargo das vidas dos habitantes e da segurança da nação.Sobre as proposições da vitória e a derrota.Como regra geral, é melhor conservar a um inimigo intato que destrui-lo. Captura seus soldados para conquistá-los e dominas seus chefes.}}
{{versículo|1|20|Mais do que prestar aos meus conselhos e planos o general deve criar situações que contribuam para seu cumprimento. Por situação digo que se deve considerar a situação do campo, e atuar de acordo com o que se é vantajoso.}}


{{versículo|1|21|Um General dizia: "Pratica as artes marciais, calcula a força de teus adversários, faz que percam seu ânimo e direção, de maneira que ainda estando intato o exército inimigo, fique imprestável: isto é ganhar sem violência. Se destruíres o exército inimigo e matares seus generais,
{{versículo|1|21|A Arte da Guerra se baseia no Engano. Por isto quando tens a capacidade de atacar finja incapacidade, quando as tropas se movem finja inatividade. Se está perto do inimigo deve fazê-lo crer que estás longe, se estás longe aparente estar perto. Coloque iscas para atrair ao inimigo.}}
assaltas suas defesas disparando, reúnes uma multidão e usurpas um território, tudo isto é ganhar pela força."}}


{{versículo|1|22|Por isto, os que ganham todas as batalhas não são realmente profissionais; os que conseguem que se rendam impotentes os exércitos alheios sem lutar, são os melhores mestres do Arte da Guerra.Os guerreiros superiores atacam enquanto os inimigos estão projetando seus planos. Logo desfazem suas alianças.}}
{{versículo|1|22|Golpear o inimigo quando está desordenado. Preparar-se contra ele quando se está em segurança de todos os lados. Evitar-lhe no período em que ele está mais forte. Se teu oponente tem temperamento colérico busque irritá-lo. Se é arrogante, trata de fomentar seu egoísmo.}}


{{versículo|1|23|Por isso, um grande imperador dizia: "O que luta pela vitória frente a espadas nuas não é um bom general." A pior tática é atacar uma cidade. Assediar, encurralar uma cidade só se leva a cabo como último recurso.
{{versículo|1|23|Se as tropas inimigas se acham bem preparadas após uma reorganização, intenta desordená-las. Se estão unidas, semeia a dissensão entre suas fileiras. Ataca o inimigo quando não está preparado, e aparece quando não te espera. Estas são as chaves da vitória para o estrategista.}}


Emprega não menos de três meses em preparar teus artefatos e outros três para coordenar os recursos para teu assedio. Nunca se deve atacar por cólera e com pressa. é aconselhável tomar-se tempo na planificação e coordenação do plano.}}
{{versículo|1|24|Agora se as estimativas realizadas antes da batalha indicam vitória é porque os cálculos, que devem ser cuidadosamente efetuados, mostram que as tuas condições são mais favoráveis que as condições do inimigo. Se indicam derrota é porque mostram que as condições para a batalha são menores. Com uma avaliação cuidadosa pode-se vencer: sem ela não é possível. Muito menos oportunidade de vitória terá aquele que não realiza cálculo nenhum.}}


{{versículo|1|24|Portanto, um verdadeiro mestre das artes marciais vence outras forças inimigas sem batalha, conquista outras cidades sem assediá-las e destroi outros exércitos sem empregar muito tempo.
{{versículo|1|25|Graças a este método pode-se examinar qualquer situação e definir o resultado claramente.}}

Um mestre experiente nas artes marciais desfaz os planos dos inimigos, estropia suas relações e alianças, corta os mantimentos ou bloqueia seu caminho, vencendo mediante estas táticas sem necessidade de lutar.}}

{{versículo|1|25|É imprescindível lutar contra todas as fações inimigas para obter uma vitória completa, de maneira que seu exército não fique aquartelado e o beneficio seja total. Esta é a lei do assédio estratégico.

A vitória completa se produz quando o exército não luta, a cidade não é assediada, a destruição não se prolonga durante muito tempo, e em cada caso o inimigo é vencido pelo emprego da estratégia.}}

{{versículo|1|26|Assim, pois, a regra da utilização da força é a seguinte: se tuas forças são dez vezes superiores às do adversário, cerca-o; se são cinco vezes superiores, ataque-o; se são duas vezes superiores, divide- o.

Se tuas forças são iguais em número, luta se te é possível. Se tuas forças são inferiores, mantenha-te continuamente em guarda, pois a menor falha te acarretaria as piores conseqüências. Trata de manter- te ao abrigo e evita o quanto possível um enfrentamento aberto com ele; a prudência e a firmeza de um pequeno número de pessoas podem chegar a cansar e a dominar inclusive numerosos exércitos.}}

{{versículo|1|27|Este conselho se aplica nos casos em que todos os fatores são equivalentes. Se tuas forças estão em ordem enquanto que as do inimigo estão imersas no caos, se tu e tuas forças estão com ânimo e eles desmoralizados, então, mesmo que sejam mais numerosos, podes entrar em batalha. Se teus soldados, tuas forças, tua estratégia e teu valor são menores que as de teu adversário, então deves retirar-te e buscar uma saída.

Em conseqüência, se o bando menor é obstinado, cai prisioneiro do bando maior.}}

{{versículo|1|28|Isto quer dizer que se um pequeno exército não faz uma valoração adequada de seu poder e se atreve a se tornar inimigo de uma grande potência, por muito que sua defesa seja firme, inevitavelmente se converterá em conquistado. "Se não podes ser forte, porém tampouco sabes ser débil, serás derrotado." Os generais são servidores do Povo. Quando seu serviço é completo, o Povo é forte. Quando seu serviço é defeituoso, o Povo é débil.}}

{{versículo|1|29|Assim, pois, existem três maneiras pelas quais um Príncipe leva o exército ao desastre. Quando um Príncipe, ignorando as ações, ordena avançar a seus exércitos ou retirar-se quando não devem fazê-lo; a isto se chama imobilizar o exército. Quando um Príncipe ignora os assuntos militares, porém compartilha em pé de igualdade o mando do exército, os soldados acabam confusos. Quando o Príncipe ignora como levar a cabo as manobras militares, porém compartilha por igual sua direção, os soldados estão vacilantes. Uma vez que os exércitos estão confusos e vacilantes, iniciam os problemas procedentes dos adversários. A isto se chama perder a vitória por transtornar o aspecto militar.}}

{{versículo|1|30|Se tentas utilizar os métodos de um governo civil para dirigir uma operação militar, a operação será confusa.
Triunfam aqueles que:

• Sabem quando lutar e quando não.

• Sabem discernir quando utilizar muitas ou poucas tropas.

• Possuem tropas cujas categorias superiores e inferiores tem o mesmo objetivo.

• Enfrentam com preparativos os inimigos desprevenidos.

• Tem generais competentes e não limitados por seus governos civis.

• Estas cinco são as maneiras de conhecer o futuro vencedor.}}

{{versículo|1|31|Falar que o Príncipe seja o que dá as ordens em tudo é como o General solicitar permissão ao Príncipe para poder apagar um fogo: quando for autorizado, já não restam senão cinzas.}}

{{versículo|1|32|Se conheces os demais e te conheces a ti mesmo, nem em cem batalhas correrás perigo; se não conheces os demais, porém te conheces a ti mesmo, perderás uma batalha e ganharás outra; se não conheces a os demais nem te conheces a ti mesmo, correrás perigo em cada batalha.}}


[[fr:L’Art de la guerre#Article I De l’évaluation]]
[[fr:L’Art de la guerre#Article I De l’évaluation]]

Revisão das 13h22min de 6 de abril de 2010

1Uma vez começada a batalha, ainda que estejas ganhando, se continuar por muito tempo, desanimará a tuas tropas e embotará tua espada. Se estás sitiando uma cidade, esgotarás tuas forças. se manténs teu exército durante muito tempo em campanha, teus mantimentos se esgotarão.

2As armai são instrumentos de má sorte; empregá-las por muito tempo produzirá calamidades. Como se tem dito: "Os que a ferro matam, a ferro morrem." Quando tuas tropas estão desanimadas, tua espada embotada, esgotadas estão tuas forças e teus mantimentos são escassos, até os teus se aproveitarão de tua debilidade para sublevar- se. Então, ainda que tenhas conselheiros sábios, ao final não poderás fazer que as coisas saiam bem.

3Por cauda disso, tem-se ouvido falar de operações militares que são torpes e repentinas, porém nunca se viu nenhum especialista na arte da guerra que mantivesse a campanha por muito tempo. Nunca é benéfico para um país deixar que uma operação militar se prolongue por muito tempo.

4Como se diz comumente, seja rápido como o trovão que retumba antes de que tenhas podido tapar os ouvidos, veloz como o relâmpago que brilha antes de haver podido piscar.

5Portanto, os que não são totalmente conscientes da desvantagem de servir-se das armais não podem ser totalmente conscientes das vantagens de utilizá-las.

6Os que utilizam os meios militares com perícia não ativam suas tropas duas vezes, nem proporcionam alimentos em três ocasiões, com um mesmo objetivo.

7Isto quer dizer que não se deve mobilizar ao povo mais de uma vez por campanha, e que imediatamente depois de alcançar a vitória não se deve regressar ao próprio pais para fazer uma segunda mobilização. A principio isto significa proporcionar alimentos (para as próprias tropas), porém depois se tiram os alimentos ao inimigo.

8Se ao invés de tomar os mantimentos e armas de teu próprio país, retirares do teu inimigo, estarás bem abastecido de armas e provisões.

9Quando um pais empobrece por causa das operações militares, isso se deve ao transporte de provisões de um lugar distante. Se as transportas desde um lugar distante, o povo empobrecerá.

10Os que habitam próximo de onde está o exército podem vender suas colheitas a preços elevados, porém se acaba deste modo o bem-estar da maioria da população.

11Quando se transportam as provisões muito longe, ocorre ruína por causa do alto custo. Nos mercados próximos ao exército, os preços das mercadorias aumentam. Portanto, as longas campanhas militares constituem uma ferida para o país.

12Quando se esgotam os recursos, os impostos se arrecadam sob pressão. Quando o poder e os recursos se tenham esgotado, arruina- se o próprio pais. O povo é privado de grande parte de seus produtos, enquanto os gastos do governo para armamentos se elevam.

13Os habitantes constituem base de um país, os alimentos são a felicidade do povo. O príncipe deve respeitar este fato e ser sóbrio e austero em seus gastos públicos.

14Em conseqüência, um general inteligente luta por desprover o inimigo de seus alimentos. Cada porção de alimentos tomados ao inimigo equivale a vinte que te forneces a ti mesmo.

15Assim, pois, o que arrasa o inimigo é a imprudência e a motivação dos teus em fazer desaparecer os benefícios dos adversários.

16Quando recompensas teus homens com os benefícios que ostentavam os adversários eles lutarão com iniciativa própria, e assim poderás tomar o poder e a influência que tinha o inimigo. É por isto que se diz que onde há grandes recompensas há homens valentes.

17Por conseguinte, em batalha de carros, recompensa primeiro o que tomar ao menos dez carros.

18Se recompensas a todo mundo, não haverá suficiente para todos; assim, pois, oferece uma recompensa a um soldado para animar a todos os demais. Troca suas cores (dos soldados inimigos feitos prisioneiros), utilize-os misturados aos teus. Trata bem os soldados e presta-lhes atenção. Os soldados prisioneiros devem ser bem tratados, para conseguir que no futuro lutem para ti. A isto se chama vencer o adversário e incrementar por acréscimo em tuas próprias forças.

19Se utilizas o inimigo para derrotar o inimigo, serás poderoso em qualquer lugar aonde fores.Assim, pois, o mais importante em uma operação militar é a vitória e não a persistência. Esta última não é benéfica. Um exército é como o fogo: se não o apagas, se consumirá por si mesmo.

20Portanto, sabemos que o que está à cabeça do exército está a cargo das vidas dos habitantes e da segurança da nação.Sobre as proposições da vitória e a derrota.Como regra geral, é melhor conservar a um inimigo intato que destrui-lo. Captura seus soldados para conquistá-los e dominas seus chefes.

21Um General dizia: "Pratica as artes marciais, calcula a força de teus adversários, faz que percam seu ânimo e direção, de maneira que ainda estando intato o exército inimigo, fique imprestável: isto é ganhar sem violência. Se destruíres o exército inimigo e matares seus generais, assaltas suas defesas disparando, reúnes uma multidão e usurpas um território, tudo isto é ganhar pela força."

22Por isto, os que ganham todas as batalhas não são realmente profissionais; os que conseguem que se rendam impotentes os exércitos alheios sem lutar, são os melhores mestres do Arte da Guerra.Os guerreiros superiores atacam enquanto os inimigos estão projetando seus planos. Logo desfazem suas alianças.

23Por isso, um grande imperador dizia: "O que luta pela vitória frente a espadas nuas não é um bom general." A pior tática é atacar uma cidade. Assediar, encurralar uma cidade só se leva a cabo como último recurso. Emprega não menos de três meses em preparar teus artefatos e outros três para coordenar os recursos para teu assedio. Nunca se deve atacar por cólera e com pressa. é aconselhável tomar-se tempo na planificação e coordenação do plano.

24Portanto, um verdadeiro mestre das artes marciais vence outras forças inimigas sem batalha, conquista outras cidades sem assediá-las e destroi outros exércitos sem empregar muito tempo. Um mestre experiente nas artes marciais desfaz os planos dos inimigos, estropia suas relações e alianças, corta os mantimentos ou bloqueia seu caminho, vencendo mediante estas táticas sem necessidade de lutar.

25É imprescindível lutar contra todas as fações inimigas para obter uma vitória completa, de maneira que seu exército não fique aquartelado e o beneficio seja total. Esta é a lei do assédio estratégico. A vitória completa se produz quando o exército não luta, a cidade não é assediada, a destruição não se prolonga durante muito tempo, e em cada caso o inimigo é vencido pelo emprego da estratégia.

26Assim, pois, a regra da utilização da força é a seguinte: se tuas forças são dez vezes superiores às do adversário, cerca-o; se são cinco vezes superiores, ataque-o; se são duas vezes superiores, divide- o. Se tuas forças são iguais em número, luta se te é possível. Se tuas forças são inferiores, mantenha-te continuamente em guarda, pois a menor falha te acarretaria as piores conseqüências. Trata de manter- te ao abrigo e evita o quanto possível um enfrentamento aberto com ele; a prudência e a firmeza de um pequeno número de pessoas podem chegar a cansar e a dominar inclusive numerosos exércitos.

27Este conselho se aplica nos casos em que todos os fatores são equivalentes. Se tuas forças estão em ordem enquanto que as do inimigo estão imersas no caos, se tu e tuas forças estão com ânimo e eles desmoralizados, então, mesmo que sejam mais numerosos, podes entrar em batalha. Se teus soldados, tuas forças, tua estratégia e teu valor são menores que as de teu adversário, então deves retirar-te e buscar uma saída. Em conseqüência, se o bando menor é obstinado, cai prisioneiro do bando maior.

28Isto quer dizer que se um pequeno exército não faz uma valoração adequada de seu poder e se atreve a se tornar inimigo de uma grande potência, por muito que sua defesa seja firme, inevitavelmente se converterá em conquistado. "Se não podes ser forte, porém tampouco sabes ser débil, serás derrotado." Os generais são servidores do Povo. Quando seu serviço é completo, o Povo é forte. Quando seu serviço é defeituoso, o Povo é débil.

29Assim, pois, existem três maneiras pelas quais um Príncipe leva o exército ao desastre. Quando um Príncipe, ignorando as ações, ordena avançar a seus exércitos ou retirar-se quando não devem fazê-lo; a isto se chama imobilizar o exército. Quando um Príncipe ignora os assuntos militares, porém compartilha em pé de igualdade o mando do exército, os soldados acabam confusos. Quando o Príncipe ignora como levar a cabo as manobras militares, porém compartilha por igual sua direção, os soldados estão vacilantes. Uma vez que os exércitos estão confusos e vacilantes, iniciam os problemas procedentes dos adversários. A isto se chama perder a vitória por transtornar o aspecto militar.

30Se tentas utilizar os métodos de um governo civil para dirigir uma operação militar, a operação será confusa. Triunfam aqueles que: • Sabem quando lutar e quando não. • Sabem discernir quando utilizar muitas ou poucas tropas. • Possuem tropas cujas categorias superiores e inferiores tem o mesmo objetivo. • Enfrentam com preparativos os inimigos desprevenidos. • Tem generais competentes e não limitados por seus governos civis. • Estas cinco são as maneiras de conhecer o futuro vencedor.

31Falar que o Príncipe seja o que dá as ordens em tudo é como o General solicitar permissão ao Príncipe para poder apagar um fogo: quando for autorizado, já não restam senão cinzas.

32Se conheces os demais e te conheces a ti mesmo, nem em cem batalhas correrás perigo; se não conheces os demais, porém te conheces a ti mesmo, perderás uma batalha e ganharás outra; se não conheces a os demais nem te conheces a ti mesmo, correrás perigo em cada batalha.