Através do Brasil/LXXXII: diferenças entre revisões

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“Parto hoje para aí. Juvêncio vai comigo”
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Revisão das 15h33min de 9 de janeiro de 2013

Efetivamente, o engenheiro Meneses não morrera. O homem da canoa dissera: “um engenheiro que estava em Petrolina morreu... Enterrou-se ontem, em Juazeiro”. Era verdade: morrera um engenheiro, que estava doente em Petrolina; mas esse era um engenheiro que trabalhava na estrada de ferro de Alagoinha a Juazeiro, e viera doente, passando-se para Petrolina, na esperança de melhorar, e lá falecera.

Quanto ao Dr. Meneses, viera de Boa Vista com febres palustres e não chegou a demorar-se vinte e quatro horas em Petrolina; seguiu imediatamente para o interior, sete léguas, adiante; onde um abcesso do fígado o levou quase à morte: mas salvou-se, no fim de trinta e tantos dias de moléstia.

Restabelecido, voltou a Juazeiro, e só então pôde telegrafar ao gerente do escritório central e ao diretor do colégio, dando notícias suas e pedindo notícias dos filhos.

A resposta revelou-lhe tudo: que os rapazes tinham fugido, indo procurá-lo, recebendo em caminho a notícia da sua morte; e soube ainda que, como todos o consideravam falecido, Carlos e Alfredo haviam seguido para o Rio Grande do Sul... Imediatamente telegrafou para a Bahia, para o Rio, e para o Rio Grande, desfazendo o equívoco. Mas os telegramas não puderam alcançar, durante a viagem, os pequenos viajantes...

Por isso, no Rio Grande, os tios os receberam prazenteiros mas não lhes deram a boa notícia de chofre, para poupar-lhes uma forte emoção; quiseram preparar-lhes o espírito.

Assim se desfez todo o equívoco, e assim teve um desfecho feliz a dolorosa história dos pequenos heróis, que, considerando-se órfãos, afrontaram, com uma coragem rara, todos os riscos e todas as provações de uma longa viagem através do Brasil.

Sabendo por telegrama que os filhos estavam na estância em Pelotas o Dr. Meneses, com saudade deles, e ainda abatido pela doença que quase o matara, resolveu seguir também para o Rio Grande afim de descansar no seio da família. Obteve uma licença e partiu.

Na Bahia, o negociante Inácio Mendes contou-lhe como acolhera os rapazes, e como os encaminhara para o Sul; e falou-lhe também largamente de Juvêncio, narrando-lhe o auxílio e o carinho com que o sertanejo tratara Carlos e Alfredo durante a triste peregrinação pelos sertões.

- E, justamente, - concluiu Inácio Mendes, - acabo de receber um telegrama em que me dizem que esse pobre rapaz, Juvêncio, está bem doente, atacado de beribéri...

Ouvindo isto, o Dr. Meneses logo resolveu mandar buscar Juvêncio:

- Preciso passar algumas semanas na Bahia, para tratar de negócios da empresa da estrada de ferro, e posso esperá-lo.

Assim se fez. E, um belo dia, Carlos e Alfredo receberam em Pelotas, com um contentamento indizível, este telegrama:

“Parto hoje para aí. Juvêncio vai comigo”