Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923)/A Cathedral: diferenças entre revisões
Sem resumo de edição |
|||
Linha 1: | Linha 1: | ||
{{navegar |
{{navegar |
||
|obra=A Catedral |
|obra = A Catedral |
||
|autor=Alphonsus de Guimaraens |
|autor = Alphonsus de Guimaraens |
||
|anterior= |
|anterior = |
||
|posterior= |
|posterior = |
||
|seção= |
|seção = |
||
|notas= |
|notas = |
||
}} |
}} |
||
<poem> |
<poem> |
||
⚫ | |||
⚫ | |||
O hialino orvalho aos poucos se evapora, |
O hialino orvalho aos poucos se evapora, |
||
Agoniza o arrebol. |
Agoniza o arrebol. |
||
A catedral ebúrnea do meu sonho |
A catedral ebúrnea do meu sonho |
||
Aparece, na paz do céu risonho, |
Aparece, na paz do céu risonho, |
||
Toda branca de sol. |
Toda branca de sol. |
||
E o sino canta em lúgubres responsos: |
E o sino canta em lúgubres responsos: |
||
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” |
|||
O astro glorioso segue a eterna estrada. |
O astro glorioso segue a eterna estrada. |
||
Uma áurea seta lhe cintila em cada |
Uma áurea seta lhe cintila em cada |
||
Refulgente raio de luz. |
Refulgente raio de luz. |
||
A catedral ebúrnea do meu sonho, |
A catedral ebúrnea do meu sonho, |
||
Onde os meus olhos tão cansados ponho, |
Onde os meus olhos tão cansados ponho, |
||
Recebe a |
Recebe a bênção de Jesus. |
||
E o sino clama em lúgubres responsos: |
E o sino clama em lúgubres responsos: |
||
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” |
|||
Por entre lírios lilases desce |
Por entre lírios e lilases desce |
||
A tarde esquiva: amargurada prece |
A tarde esquiva: amargurada prece |
||
Põe-se a lua a rezar. |
Põe-se a lua a rezar. |
||
⚫ | |||
O entardecer aumenta a agonia do poeta. |
|||
⚫ | |||
⚫ | |||
⚫ | |||
⚫ | |||
⚫ | |||
E o sino chora em lúgubres responsos: |
E o sino chora em lúgubres responsos: |
||
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” |
|||
O céu é todo trevas: o vento uiva. |
O céu é todo trevas: o vento uiva. |
||
Do relâmpago a cabeleira ruiva |
Do relâmpago a cabeleira ruiva |
||
Vem açoitar o rosto meu. |
Vem açoitar o rosto meu. |
||
E a catedral ebúrnea do meu sonho |
E a catedral ebúrnea do meu sonho |
||
Afunda-se no caos do céu medonho |
Afunda-se no caos do céu medonho |
||
Como um astro que já morreu. |
Como um astro que já morreu. |
||
E o sino geme em lúgubres responsos: |
E o sino geme em lúgubres responsos: |
||
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” |
|||
</poem>{{semdata}}{{semescolaliterária}} |
|||
</poem> |
|||
[[Categoria:Alphonsus de Guimaraens]] |
[[Categoria:Alphonsus de Guimaraens]] |
||
[[Categoria:Poesia]] |
[[Categoria:Poesia brasileira]] |
Revisão das 00h11min de 4 de janeiro de 2014
Entre brumas, ao longe, surge a aurora.
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu risonho,
Toda branca de sol.
E o sino canta em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a bênção de Jesus.
E o sino clama em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
Por entre lírios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a lua a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu tristonho,
Toda branca de luar.
E o sino chora em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.
E a catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.
E o sino geme em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”