História da Mitologia/Prefácio: diferenças entre revisões

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Se nenhum conhecimento merece ser chamado de útil, exceto aquele que nos ajuda a ampliar as nossas possibilidades ou a elevar a nossa condição diante da sociedade, então, a Mitologia não tem nenhum direito qualquer a reivindicação. Porém, se o que impele a nos tornar mais felizes e melhores pode ser chamado de útil, então nós reivindicamos o epíteto para o nosso assunto. Pois a mitologia está a serviço da literatura, e a literatura é uma das melhores aliadas da virtude e promotoras da felicidade.
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Atualmente os personagens mitológicos são abordados por alguns nerds produtores de jogos, filmes, revistas pornô etc, etc. mas fora isso são dotados de total falta de utilidade e só servem para ocupar espaço nos já pesados livros de história. porém sempre existe algum loco que sem nenhum motivo evidente gosta de mitologia e gasta tempo escrevendo artigos como este.♀♀♀♀♀♀♀#
Sem o conhecimento da mitologia grande parte da elegante literatura do nosso idioma não pode ser compreendida e apreciada. Quando [[:w:Lord Byron|Lord Byron]] chama Roma de [[:w:Níobe|"a Níobe das Nações"]] ou diz que Veneza "se parece com uma [[:w:Cibele|Cibele]] marinha recém saída do oceano", ele evoca ao espírito estar familiarizado com a nossa temática, sendo estas as ilustrações mais vívidas e contundentes que o lápis pode fornecer, mas que ficariam perdidas para o leitor com desconhecimento da mitologia. [[:w:John Milton|Milton]] também está repleto de alusões dessa espécie. O curto poema "Comus" contém mais de trinta desses exemplos, e a ode "Na manhã da natividade" quase a metade. Em toda sua obra [[:w:Paraíso Perdido|"Paraíso Perdido"]] elas existem em profusão. Essa é mais uma razão porque frequentemente ouvimos pessoas dotadas de conhecimento afirmando não gostar das obras de Milton. Mas se essas pessoas pudessem acrescentar aos seus já sólidos conhecimentos o fácil aprendizado deste pequeno volume, grande parte da poesia de Milton que a elas parece "desagradável e incompreensível" seria considerada "música como o alaúde de Apolo". As nossas citações, tomadas de mais de vinte e cinco poetas, de [[:w:Edmund Spenser|Spenser]] a [[:w:Henry Wadsworth Longfellow|Longfellow]], irão mostrar como tem sido geral a prática de emprestar ilustrações da mitologia.
Sem o conhecimento da mitologia grande parte da elegante literatura do nosso idioma não pode ser compreendida e apreciada. Quando [[:w:Lord Byron|Lord Byron]] chama Roma de [[:w:Níobe|"a Níobe das Nações"]] ou diz que Veneza "se parece com uma [[:w:Cibele|Cibele]] marinha recém saída do oceano", ele evoca ao espírito estar familiarizado com a nossa temática, sendo estas as ilustrações mais vívidas e contundentes que o lápis pode fornecer, mas que ficariam perdidas para o leitor com desconhecimento da mitologia. [[:w:John Milton|Milton]] também está repleto de alusões dessa espécie. O curto poema "Comus" contém mais de trinta desses exemplos, e a ode "Na manhã da natividade" quase a metade. Em toda sua obra [[:w:Paraíso Perdido|"Paraíso Perdido"]] elas existem em profusão. Essa é mais uma razão porque frequentemente ouvimos pessoas dotadas de conhecimento afirmando não gostar das obras de Milton. Mas se essas pessoas pudessem acrescentar aos seus já sólidos conhecimentos o fácil aprendizado deste pequeno volume, grande parte da poesia de Milton que a elas parece "desagradável e incompreensível" seria considerada "música como o alaúde de Apolo". As nossas citações, tomadas de mais de vinte e cinco poetas, de [[:w:Edmund Spenser|Spenser]] a [[:w:Henry Wadsworth Longfellow|Longfellow]], irão mostrar como tem sido geral a prática de emprestar ilustrações da mitologia.


Os escritores de prosa também se utilizam da mesma fonte de ilustrações elegantes e sugestivas. Dificilmente alguém poderá pegar um periódico como o "Edinburgh Review"<ref>[https://en.wikepedia.org/wiki/Edinburgh_Review Edinburgh Review]</ref> ou o [[:w:Quarterly Review|"Quarterly Review"]] sem encontrar alguns exemplos. No artigo de [[:w:Thomas Macaulay|Macaulay]] sobre Milton você encontrará duas dezenas deles.
Os escritores de prosa também se utilizam da mesma fonte de ilustrações elegantes e sugestivas. Dificilmente alguém poderá pegar um periódico como o "Edinburgh Review"<ref>[https://en.wikipedia.org/wiki/Edinburgh_Review Edinburgh Review]</ref> ou o [[:w:Quarterly Review|"Quarterly Review"]] sem encontrar alguns exemplos. No artigo de [[:w:Thomas Macaulay|Macaulay]] sobre Milton você encontrará duas dezenas deles.


Porém, como a mitologia deve ser ensinada para alguém que não venha a conhecê-la por meio dos idiomas da Grécia e de Roma? A dedicação ao estudo de uma espécie de aprendizado que se relaciona inteiramente com supostas maravilhas e crenças obsoletas é coisa que não se deve esperar do leitor comum numa época de praticidade como a nossa. O tempo, mesmo o dos jovens, é disputado por tantas ciências de fatos e acontecimentos, que pouco sobra para que ele se dedique a tratados sobre uma ciência baseada em meras fantasias.
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Porém, será que o conhecimento necessário do assunto poderia ser adquirido através da leitura dos poetas antigos por meio de traduções? A resposta que encontramos é que o campo é muito extenso para um curso preparatório, e essas mesmas traduções exigem algum conhecimento prévio do assunto para torná-los inteligíveis. E se ainda resta alguma dúvida, é só iniciar a leitura da primeira página da [[:w:Eneida|"Eneida"]], e ver o que ele consegue entender sobre "o ódio de [[:w:Juno|"Juno"]], o "decreto das [[:w:Parcas|Parcas]]", o "julgamento de [[:w:Páris|Páris]]", e as "honras de [[:w:Ganímedes (mitologia)|Ganímedes]]" sem este conhecimento.
Porém, será que o conhecimento necessário do assunto poderia ser adquirido através da leitura dos poetas antigos por meio de traduções? A resposta que encontramos é que o campo é muito extenso para um curso preparatório, e essas mesmas traduções exigem algum conhecimento prévio do assunto para torná-los inteligíveis. E se ainda resta alguma dúvida, é só iniciar a leitura da primeira página da [[:w:Eneida|"Eneida"]], e ver o que ele consegue entender sobre "o ódio de [[:w:Juno|"Juno"]], o "decreto das [[:w:Parcas|Parcas]]", o "julgamento de [[:w:Páris|Páris]]", e as "honras de [[:w:Ganímedes (mitologia)|Ganímedes]]" sem este conhecimento.

Edição atual desde as 00h47min de 11 de julho de 2014

Se nenhum conhecimento merece ser chamado de útil, exceto aquele que nos ajuda a ampliar as nossas possibilidades ou a elevar a nossa condição diante da sociedade, então, a Mitologia não tem nenhum direito qualquer a reivindicação. Porém, se o que impele a nos tornar mais felizes e melhores pode ser chamado de útil, então nós reivindicamos o epíteto para o nosso assunto. Pois a mitologia está a serviço da literatura, e a literatura é uma das melhores aliadas da virtude e promotoras da felicidade.

Sem o conhecimento da mitologia grande parte da elegante literatura do nosso idioma não pode ser compreendida e apreciada. Quando Lord Byron chama Roma de "a Níobe das Nações" ou diz que Veneza "se parece com uma Cibele marinha recém saída do oceano", ele evoca ao espírito estar familiarizado com a nossa temática, sendo estas as ilustrações mais vívidas e contundentes que o lápis pode fornecer, mas que ficariam perdidas para o leitor com desconhecimento da mitologia. Milton também está repleto de alusões dessa espécie. O curto poema "Comus" contém mais de trinta desses exemplos, e a ode "Na manhã da natividade" quase a metade. Em toda sua obra "Paraíso Perdido" elas existem em profusão. Essa é mais uma razão porque frequentemente ouvimos pessoas dotadas de conhecimento afirmando não gostar das obras de Milton. Mas se essas pessoas pudessem acrescentar aos seus já sólidos conhecimentos o fácil aprendizado deste pequeno volume, grande parte da poesia de Milton que a elas parece "desagradável e incompreensível" seria considerada "música como o alaúde de Apolo". As nossas citações, tomadas de mais de vinte e cinco poetas, de Spenser a Longfellow, irão mostrar como tem sido geral a prática de emprestar ilustrações da mitologia.

Os escritores de prosa também se utilizam da mesma fonte de ilustrações elegantes e sugestivas. Dificilmente alguém poderá pegar um periódico como o "Edinburgh Review"[1] ou o "Quarterly Review" sem encontrar alguns exemplos. No artigo de Macaulay sobre Milton você encontrará duas dezenas deles.

Porém, como a mitologia deve ser ensinada para alguém que não venha a conhecê-la por meio dos idiomas da Grécia e de Roma? A dedicação ao estudo de uma espécie de aprendizado que se relaciona inteiramente com supostas maravilhas e crenças obsoletas é coisa que não se deve esperar do leitor comum numa época de praticidade como a nossa. O tempo, mesmo o dos jovens, é disputado por tantas ciências de fatos e acontecimentos, que pouco sobra para que ele se dedique a tratados sobre uma ciência baseada em meras fantasias.

Porém, será que o conhecimento necessário do assunto poderia ser adquirido através da leitura dos poetas antigos por meio de traduções? A resposta que encontramos é que o campo é muito extenso para um curso preparatório, e essas mesmas traduções exigem algum conhecimento prévio do assunto para torná-los inteligíveis. E se ainda resta alguma dúvida, é só iniciar a leitura da primeira página da "Eneida", e ver o que ele consegue entender sobre "o ódio de "Juno", o "decreto das Parcas", o "julgamento de Páris", e as "honras de Ganímedes" sem este conhecimento.

Deveríamos ser informados de que as respostas para semelhantes perguntas possam ser encontradas em notas de rodapé, ou por uma referência ao Dicionário Clássico? A nossa resposta é que a interrupção de uma leitura por qualquer processo é tão entediante que a maioria dos leitores preferem uma alusão que passe despercebida ao invés de tentar compreendê-la completamente. Além disso, tais fontes nos oferecem apenas os fatos sucintamente sem os encantos da narrativa original, e o que é um mito poético quando despojado da sua poesia? A história de Ceyx e de Alcíone, que toma todo um capítulo em nosso livro, ocupa apenas oito linhas, quando muito, no melhor Dicionário Clássico de Smith, assim como em outros.

O nosso esforço é uma tentativa de solucionar este problema, contando as histórias da mitologia de tal maneira a ponto de torná-las uma fonte de entretenimento. Nós nos esforçamos para contá-las corretamente, de acordo com as antigas autoridades, de modo que quando o leitor a elas seja referenciado, consiga rapidamente reconhecer essa referência. Desse modo, esperamos ensinar mitologia não como estudo, mas como um abrandamento do estudo, para proporcionar à nossa obra o encanto de um livro de histórias, e assim, através dela, transmitir o conhecimento de um importante ramo da educação. O índice no final da obra está adaptado aos fins de referência, para torná-lo um Dicionário Clássico da sua sala de estudos.

A maioria das lendas clássicas em "Histórias de Deuses e Heróis" foram extraídas de Ovídio e de Virgílio. Não foram traduzidas literalmente, porque, na opinião do autor, a poesia traduzida em prosa literal é pouco atrativa para leitura. Nem foram elas versificadas, tanto por várias razões quanto pela convicção de que traduzir versos fielmente é impossível tanto pela dificuldade das rimas como da métrica. A tentativa foi feita para contar histórias em prosa, preservando tanto a poesia como ela foi criada em nosso espírito, e separando-a da linguagem propriamente dita, e omitindo os exageros que não são adequados à forma alterada.

As histórias da Mitologia Nórdica são cópias um tanto simplificadas das "Antiguidades Nórdicas" de Mallet[2]. Estes capítulos, assim como aqueles das mitologias Oriental e Egípcia, pareciam necessários para completar o assunto, embora se acredite que estes tópicos normalmente não são apresentados no mesmo volume com as fábulas clássicas.

Cupido roubando mel
de Albrecht Dürer

As citações poéticas, inseridas livremente, espera-se que atendam a inúmeros propósitos importantes. O objetivo delas é ajudar a fixar na memória o fato mais importante de cada história, as quais serão úteis na memorização da correta pronúncia dos nomes próprios, e elas irão enriquecer a memória com muitas preciosidades da poesia, sendo algumas delas muito frequentemente citadas ou aludidas, tanto em leitura como em conversação.

Tendo optado pela mitologia em conexão com a literatura da nossa região, esforçamo-nos por não omitir nada que o leitor da literatura elegante provavelmente tenha ocasião de encontrar. Histórias ou trechos das histórias que são ofensivos ao bom gosto e aos bons costumes não são relatadas. Porém, tais histórias não são citadas com frequência, e caso o sejam ocasionalmente, o leitor não precisa se sentir envergonhado em confessar o próprio desconhecimento.

A nossa obra não foi escrita para o erudito, nem para o teólogo, nem para o filósofo, mas para o leitor de literatura, de ambos os sexos, que deseja compreender as alusões feitas tão frequentemente por pessoas públicas, professores, ensaístas, e poetas, e aqueles que encontramos em conversa com pessoas cultas.

Nas "Histórias de Deuses e Heróis" o compilador se esforçou por transmitir os prazeres do conhecimento clássico ao leitor interessado, apresentando as histórias da mitologia pagã de forma adaptada ao gosto moderno. Em "O Rei Arthur" e o "Seus Cavaleiros" e em "O Mabinogion" a tentativa foi a de oferecer o mesmo tratamento às narrativas da segunda "História da Mitologia", a era que testemunhou o alvorecer dos diversos estados da Europa Moderna.

Acredita-se que esta apresentação de uma literatura, que reinou ímpar nas mentes de nossos ancestrais durante muitos séculos, trará muito benefício para o leitor, além da diversão que pode oferecer. As histórias, embora não sejam confiáveis em razão dos próprios fatos, são merecedoras de todo crédito como imagens dos modos e costumes; e começa-se a acreditar que as maneiras e os modos de pensar de uma época são a parte mais importante da sua história do que os conflitos dos seus povos, levando geralmente a nenhum resultado. Além disso, a literatura de um romance é um tesouro de material poético, ao qual recorrem frequentemente os poetas modernos. Os poetas italianos, Dante e Ariosto, os ingleses Spenser, Scott e Tennyson, e os nosso Longfellow e Lowell, são exemplos disso.

Estas histórias estão tão conectadas umas com as outras, tão consistentemente adaptadas a um grupo de personagens fortemente individualizados em Arthur, Lancelot, e seus companheiros, e tão incendiadas pelos fogos da imaginação e da criatividade, que parecem tão bem adaptadas ao propósito do poeta como as lendas das mitologias grega e romana. E como se espera que todo jovem bem educado conheça a história do Velocino de Ouro, porque a busca do Santo Graal seria menos merecedora do seu conhecimento? Ou se uma alusão ao escudo de Aquiles não deve passar despercebida, porque deveria um Excalibur, a famosa espada do rei Arthur?

É Arthur, que, restaurado à luz superior

Empunhando sua temível espada,

E fazendo-a brandir nas guerras futuras

Elevará a fama de seu país muito além da estrela polar.

Uma recomendação adicional para os nossos estudos, é a tendência de valorização em nosso pensamento sobre o perfil da fonte da qual se originaram. Estamos empenhados na participação total das glórias e lembranças da terra de nossos antepassados, até a época da sua colonização. As associações que brotam dessa fonte devem estar repleta de boas influências, dentre as quais não menos importante é o prazer redobrado que semelhantes associações proporcionam ao viajante americano quando visita a Inglaterra, e coloca seus pés em alguma localidade de renome.

As lendas de Carlos Magno e seus cavaleiros são imprescindíveis para completar este tema.

Numa época em que a treva intelectual cobria a Europa Ocidental, uma constelação de escritores brilhantes surgiu na Itália. Dentre estes, Pulci, Boiardo e Ariosto se assenhorearam das fábulas românticas como suas histórias, e que, durante muitos anos, foram transmitidas nas canções dos bardos e nas lendas dos cronistas monásticos. Estas fábulas foram organizadas em ordem, adornadas com os encantos da fantasia, ampliadas com sua própria criatividade, e seladas com a imortalidade. Seguramente podemos afirmar que enquanto durar a civilização, estas histórias fantásticas irão assegurar o seu lugar entre as mais apreciadas criações do gênio humano.

Em "Histórias de Deuses e Heróis", "O Rei Arthur e Seus Cavaleiros" e "O Mabinogion", o objetivo foi oferecer ao leitor moderno tal conhecimento das fábulas da literatura clássica e medieval, assim como é necessário tornar inteligível as alusões que ocorrem na leitura e na conversação. As "Lendas de Carlos Magno" foram criadas para atender aos mesmos objetivos. Como primeira apresentação da obra, nossa aspiração tem um caráter mais elevado, do que simplesmente um projeto para simples divertimento. Nossa meta é ser útil, ao familiarizar seus leitores com os temas das produções dos grandes poetas italianos. É esse o conhecimento que se espera de todo jovem bem educado.

Na leitura desses romances, não podemos deixar de observar como as invenções primitivas tem sido usadas, muitas e muitas vezes, por sucessivas gerações de historiadores. A Sereia de Ulisses é o protótipo da Sereia de Orlando, e a personagem Circe reaparece novamente em Alcina. As fontes de Amor e Ódio podem ser rastreadas na história de Cupido e Psiquê, e efeitos semelhantes criados por um projeto de magia aparecem no conto de Tristão e Isolda, e, substituindo uma flor para o enredo, em "Sonho de uma Noite de Verão" de Shakespeare. Há muitos outros modelos do mesmo teor que o leitor irá reconhecer sem o nosso auxílio.

As fontes de onde extraímos nossas histórias são, em primeiro lugar, dos poetas italianos que mencionamos acima; depois, dos "Romances de Cavalaria" do Conde de Tressan[3]; e por último, algumas coleções alemãs de histórias populares. Alguns capítulos foram emprestados das traduções que Leigh Hunt fez dos poetas italianos. Nos parece desnecessário repetir o que ele fez tão bem, todavia, pensando de outra maneira, estas histórias não poderiam deixar de ser relatadas nesta série sob pena de ser considerada incompleta.

Thomas Bulfinch

Notas e Referências do Tradutor[editar]

  1. Edinburgh Review
  2. Wikipedia:Paul Henri Mallet
  3. Wikipedia:Conde de Tressan