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A águia é o gênio... Da tormenta o pássaro,
Que do monte arremete altivo píncaro,
Qu'ergue um grito aos fulgores do arrebol,

Cuja garra jamais se pela em lodo,
E cujo olhar de fogo troca raios
&mdash; Contra os raios do sol.
Não tem ninho de palhas... tem um antro
&mdash; Rocha talhada ao martelar do raio,
&mdash; Brecha em serra, ant'a qual o olhar tremeu...

No flanco da montanha-asilo trêmulo,
Que sacode o tufão entre os abismos
&mdash; O precipício e o céu.
Nem pobre verme, nem dourada abelha
Nem azul borboleta... sua prole
Faminta, boquiaberta espera ter...

Não! São aves da noite, são serpentes,
São lagartos imundos, que ela arroja
Aos filhos p'ra viver.
Ninho de rei!... palácio tenebroso,
Que a avalanche a saltar cerca tombando!...

O gênio aí enseiba a geração...
E ao céu lhe erguendo os olhos flamejantes
Sob as asas de fogo aquenta as almas
Que um dia voarão.
Por que espantas-te, amigo, se tua fronte
Já de raios pejada, choca a nuvem?...

Se o réptil em seu ninho se debate?...
É teu folgar primeiro... é tua festa!...
Águias! P'ra vós cad'hora é uma tormenta,
Cada festa um combate!...
Radia!... É tempo!... E se a lufada erguer-se
Muda a noite feral em prisma fúlgido!

De teu alto pensar completa a lei!...
Irmão!-Prende esta mão de irmão na minha!...
Toma a lira-Poeta! Águia!-esvoaça!
Sobe, sobe, astro rei!...
De tua aurora a bruma vai fundir-se
Águia! faz-te mirar do sol, do raio;

Arranca um nome no febril cantar.
Vem! A glória, que é o alvo de vis setas,
É bandeira arrogante, que o combate
Embeleza ao rasgar.
O meteoro real &mdash; de coma fúlgida &mdash;
Rola e se engrossa ao devorar dos mundos...

Gigante! Cresces todo o dia assim!...
Tal teu gênio, arrastando em novos trilhos
No curso audaz constelações de idéias,
Marcha e recresce no marchar sem fim!...
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[[Categoria:Poesia francesa]]
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[[Categoria:Poesia francesa]]
[[Categoria:Romantismo francês]]
[[Categoria:Romantismo francês]]
[[Categoria:Texto rubricado pelo autor em 1867]]

Revisão das 04h15min de 19 de outubro de 2014




A aguia é o genio... Da tormenta o passaro,
Que do monte arremette o altivo pincaro,
Qu′ergue um grito aos fulgores do arrebol,
Cuja garra jamais se pêa em lodo,
E cujo olhar de fogo troca raios
— Contra os raios do sol.

Não tem ninho de palhas... tem um antro
— Rocha talhada ao martellar do raio,
— Brecha em serra, ant'a qual o olhar tremeu.
No flanco da montanha — asylo tremulo,
Que sacode o tufão entre os abysmos
— O precipício e o céo,

Nem pobre verme, nem dourada abelha,
Nem azul borboleta... sua prole
Faminta, boquiaberta espera ter...
Não! São aves da noite, são serpentes.
São lagartos immundos, que ella arroja
Aos filhos p′ra viver.

Ninho de rei!... palacio tenebroso,
Que a avalanche a saltar cerca tombando!...
O genio ahi enseiva a geração...
E ao céo lhe erguendo os olhos flammejantes
Sob as azas de fogo aquenta as almas
Que um dia voarão.




Por que espantas-te, amigo, se tua fronte
Já de raios pejada choca a nuvem?...
Se o reptil em teu ninho se debate?...
É teu folgar primeiro... é tua festa!...
Aguias! P'ra vós cad'hora é uma tormenta,
Cada festa um combate!...

Radia!... É tempo!... E se a lufada erguer-se
Muda a noite feral em prisma fulgido!
De teu alto pensar completa a lei!...
Irmão! — Prende esta mão de irmão na minha!
Toma a lyra — Poeta! Aguia! — esvoaça!
Sobe, sobe. astro — rei!...

De tua aurora a bruma vai fundir-se,
Aguia! faz-te mirar do sol, do raio;
Arranca um nome no febril cantar.
Vem! A gloria, que é o alvo de vis settas,
É bandeira arrogante, que o combate
Embelleza ao rasgar.

O meteoro real — de coma fulgida —
Rola e se engrossa ao devorar dos mundos...
Gigante! Cresces todo dia assim!...
Tal teu genio, arrastando em novos trilhos
No curso audaz constellações de idéas,
Marcha e recresce no marchar sem fim!...

Pernambuco, Santo Amaro — 1867.