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Edição atual desde as 16h20min de 13 de abril de 2021

tais auxílios, mostraram-se os neerlandeses terríveis para os inimigos, e, entre os assombrosos infortúnios da nação em luta, deram a segurança e tranquilidade aos seus compatriotas.

Períodos da guerra No primeiro período da contenda, a situação da República foi de abatimento e de opressão, sob o despotismo do Duque de Alba. Enviado com poderes tirânicos, sendo ele próprio um tirano, proclamava que tinha ordens do rei para encarniçar-se contra a vida e os bens da nobreza e da burguesia. Além disso, cercandose só com o terror inspirado pela sua ferocidade, mandou-se representar pisando os nobres numa estátua insolente e indigna (4), e provocava, com sua antipática jactância, um renome odioso e o castigo do destino.

No segundo período, ressurgia a nacionalidade e de novo se agitava sob o príncipe Guilherme de Orange, cujas façanhas em favor dos aflitíssimos neerlandeses ainda não lograram exprimir os engenhos dos mais ilustres escritores. Sob êste e o filho, herdeiro do pôsto paterno, hesitava a sorte sobre quem nos daria por soberano, pois recusavam os reis o poder que se lhes oferecia (5) e incitavam ao frenesí homens desesperados e quasi vencidos simultâneamente pela fortuna e pela potência dos inimigos. Buscou-se fora quem assumisse o regimento da nascente república e não se pôde encontrar, tornando-se manifesta a doutrina de ser a autoridade outorgada por determinação divina e não humana.

Guerra doméstica As forças dos insurrectos, a princípio exiguas, circunscresveram-se de preferência nos limites de Holanda e de Zelândia, verificando-se logo a adesão de Guéldria, Over-Issel, parte da Frísia e tôda a Groninga, até que ocuparam com fortes guarnições certos pontos do litoral do Brabante e também de Flandres. Assim, o povo, pronto para acelerar os seus triunfos, mostrou a sua força e, protegido por Deus, se engrandeceu mais do que o poderá crer a posteridade.

No terceiro período, a República, robusta e triunfante sob os inclitos irmãos Maurício e Frederico Henrique (6), príncipes de Orange, não somente se defende, mas leva também as armas para Guerra externa e ultramarina fora de suas fronteiras. Dilatando por toda a parte o nosso território, como por um fluxo crescente da fortuna, expulsando exércitos, ferindo pròsperamente tantas batalhas, tolerando heróicamente tantos cercos, pondo outros mais heróicamente ainda, já