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zianos, cristãos e sarracenos. E quasi a mesma razão, isto é, serem privados do uso comum dos portos e das costas, tiveram os próprios castelhanos de atacar a mão armada os habitantes da India Ocidental. Injusta não é a censura de Tácito aos romanos, dizendo que eles estorvavam o intercâmbio das nações e de certo modo impediam a utilização das ondas e dos ventos, franca a todos. Já se pode, pois, admirar essa casta de homens aos quais apraz o bárbaro costume de proïbir aos estrangeiros a hospitalidade das praias. Mas, por um revés, por uma contra-volta da fortuna, acontece que, reclamando só para si a terra e a água, são privados de ambas, porque se irrita a ousadia dos menos poderosos com a ambição de mando dos mais poderosos. Nem tolera o Criador do universo que um só povo desfrute e poucos potentados repartam entre si as águas criadas para o bem de todos e destinadas à utilidade geral. A relação destes exemplos me trouxe a esta digressão para não se queixarem os reis da Espanha ou de têrmos tentado alguma novidade ou de lhes ter acontecido uma cousa inaudita. Passam os séculos e os homens, mas repetem-se os fatos e suas causas.

Volto agora ao meu assunto.

Navegação da COMPANHIA ORIENTADAL para as Índias Após algumas viagens incertas e isoladas ao Oriente, constituíu-se enfim uma companhia com capitais particulares, e, no ano de 1602, decidiu-se ir até lá.

Nestas expedições precederam-nos os portugueses e castelhanos, e a estes os venezianos, que, durante cento e tantos anos, foram os senhores da navegação das Índias através do Mar Vermelho até os empórios de Alexandria. Sabe-se, porém, com certeza, que anteriormente os árabes, os persas e os chineses, de vários séculos atrás até hoje, teem comerciado com os indianos, e antes dêstes povos, já o faziam Cartago e Roma. Estrabão, escritor asiático, e os mapas de Ptolomeu mostram a derrota de Hanão desde Gades até os extremos da Arábia, as embaixadas dos índios aos imperadores Augusto e Cláudio e a viagem descrita por Plínio. Não é preciso invocar para tão grandioso feito o testemunho do poeta venusino (8), em cujo tempo um mercador ativo chegou aos confins da India através de mares, de pedregais e sob os ardores do sol.

Nas primeiras expedições, nem sempre tivemos fortuna próspera, e ficaram duvidosos os resultados dessas audazes emprê-