Espumas Flutuantes (1913)/Ao Dous de Julho: diferenças entre revisões
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|obra=Ao Dous de Julho |
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|notas=Foi recitada no Teatro S. João em comemoração ao dia 2 de julho, feriado baiano |
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}}<poem> |
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É a hora das epopéias, |
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[[Categoria:Castro Alves]] |
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Das Ilíadas reais. |
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[[Categoria:Poesia brasileira]] |
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Ruge o vento-do passado |
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Pelos mares sepulcrais. |
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É a hora, em que a Eternidade |
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<BR>Das Ilíadas reais. |
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<BR>Ruge o vento-do passado |
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<BR>Pelos mares sepulcrais. |
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Dialoga a Imortalidade... |
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<BR>É a hora, em que a Eternidade |
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Fala o herói com Jeová!... |
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E Deus — nas celestes plagas |
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<BR>Dialoga a Imortalidade... |
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— |
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<BR>Fala o herói com Jeová!... |
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Colhe da glória nas vagas |
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Os mortos de Pirajá. |
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Há destes dias augustos |
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<BR>E Deus - nas celestes plagas |
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Na tumba dos Briaréus. |
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Como que Deus baixa à terra |
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<BR>Colhe da glória nas vagas |
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Sem mesmo descer dos céus. |
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<BR>Os mortos de Pirajá. |
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É que essas lousas rasteiras |
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<BR>Há destes dias augustos |
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São — gigantes cordilheiras |
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<BR>Na tumba dos Briaréus. |
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Do Senhor aos olhos nus. |
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<BR>Como que Deus baixa à terra |
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É que essas brancas ossadas |
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<BR>Sem mesmo descer dos céus. |
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São-colunas arrojadas |
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<BR>É que essas lousas rasteiras |
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Dos infinitos azuis. |
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<BR>São - gigantes cordilheiras |
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Sim! Quando o tempo entre os dedos |
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<BR>Do Senhor aos olhos nus. |
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Quebra um séc'lo, uma nação... |
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<BR>É que essas brancas ossadas |
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Encontra nomes tão grandes, |
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<BR>São-colunas arrojadas |
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Que não lhe cabem na mão!... |
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<BR>Dos infinitos azuis. |
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Heróis! Como o cedro augusto |
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<BR>Sim! Quando o tempo entre os dedos |
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Campeia rijo e vetusto |
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<BR>Quebra um séc'lo, uma nação... |
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Dos séc'los ao perpassar, |
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Vós sois os cedros da História, |
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A cuja sombra de glória |
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<BR>Encontra nomes tão grandes, |
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Vai-se o Brasil abrigar. |
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<BR>Que não lhe cabem na mão!... |
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E nós, que somos faíscas |
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<BR>Heróis! Como o cedro augusto |
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Da luz desses arrebóis, |
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<BR>Campeia rijo e vetusto |
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Nós, que somos borboletas |
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<BR>Dos séc'los ao perpassar, |
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— Das crisálidas de avós, |
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<BR>Vós sois os cedros da História, |
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Nós, que entre as bagas dos cantos, |
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<BR>A cuja sombra de glória |
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Por entre as gotas dos prantos |
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<BR>Vai-se o Brasil abrigar. |
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Inda os sabemos chorar, |
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<BR>E nós, que somos faíscas |
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Podemos dizer: "Das campas |
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<BR>Da luz desses arrebóis, |
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Sacudi as frias tampas! |
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<BR>Nós, que somos borboletas |
|||
Vinde a Pátria abençoar!..." |
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<BR>-Das crisálidas de avós, |
|||
Erguei-vos, santos fantasmas! |
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<BR>Nós, que entre as bagas dos cantos, |
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Vós não tendes que corar... |
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<BR>Por entre as gotas dos prantos |
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(Porque eu sei que o filho torpe |
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<BR>Inda os sabemos chorar, |
|||
Faz o morto soluçar... ) |
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<BR>Podemos dizer: "Das campas |
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<BR>Sacudi as frias tampas! |
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Gemem as sombras dos Gracos, |
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<BR>Vinde a Pátria abençoar!..." |
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Dos Catões, dos Espartacos |
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<BR>Erguei-vos, santos fantasmas! |
|||
Vendo seus filhos tão vis... |
|||
Dize-o tu, soberbo Mário! |
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<BR>(Porque eu sei que o filho torpe |
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Tu, que ensopas o sudário |
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<BR>Faz o morto soluçar. . . ) |
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Vendo Roma-meretriz!... |
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<BR> |
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Ai! Que lágrimas candentes |
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<BR>Gemem as sombras dos Gracos, |
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Choram órbitas sem luz! — |
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<BR>Dos Catões, dos Espartacos |
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Que idéia terá Leônidas |
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<BR>Vendo seus filhos tão vis... |
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Vendo Esparta nos pauis?!... |
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<BR>Dize-o tu, soberbo Mário! |
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Alta noite, quando pena |
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<BR>Tu, que ensopas o sudário |
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Sobre Árcole, sobre Iena, |
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<BR>Vendo Roma-meretriz!... |
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Bonaparte-o rei dos reis— |
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<BR>Ai! Que lágrimas candentes |
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Que dor d'alma lhe rebenta. |
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<BR>Choram órbitas sem luz! - |
|||
Ao ver su'águia sangrenta |
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<BR>Que idéia terá Leônidas |
|||
No sabre de Juarez!?... |
|||
Porém aqui não há grito, |
|||
<BR>Alta noite, quando pena |
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Nem pranto, nem ai, nem dor... |
|||
<BR>Sobre Árcole, sobre Iena, |
|||
O presente não desmente |
|||
<BR>Bonaparte-o rei dos reis-, |
|||
Do seu ninho de condor... |
|||
<BR>Que dor d'alma lhe rebenta. |
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Mãos, que, outrora de crianças |
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<BR>Ao ver su'águia sangrenta |
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A rir— dentaram as lanças |
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<BR>No sabre de Juarez!?... |
|||
Dos velhos de Pirajá.... |
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<BR>Porém aqui não há grito, |
|||
De homens hoje, as empunhando, |
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<BR>Nem pranto, nem ai, nem dor... |
|||
Nas batalhas afiando, |
|||
<BR>O presente não desmente |
|||
Vão caminho de Humaitá!... |
|||
Basta!... Curvai-vos, ó povo!... |
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<BR>Mãos, que, outrora de crianças |
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Ei-los os vultos sem par, |
|||
<BR>A rir- dentaram as lanças |
|||
Só de joelhos podemos |
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<BR>Dos velhos de Pirajá.... |
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Nest'hora augusta fitar |
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<BR>De homens hoje, as empunhando, |
|||
Riachuelo e Cabrito, |
|||
<BR>Nas batalhas afiando, |
|||
Que sobem para o infinito |
|||
<BR>Vão caminho de Humaitá!... |
|||
Como jungidos leões, |
|||
<BR>Basta!... Curvai-vos, ó povo!... |
|||
Puxando os carros dourados |
|||
<BR>Ei-los os vultos sem par, |
|||
Dos meteoros largados |
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<BR>Só de joelhos podemos |
|||
Sobre a noite das nações. |
|||
<BR>Nest'hora augusta fitar |
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</poem> |
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<BR>Riachuelo e Cabrito, |
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[[Categoria:Castro Alves]] |
|||
<BR>Que sobem para o infinito |
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[[Categoria:Espumas Flutuantes]] |
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<BR>Como jungidos leões, |
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[[Categoria:Poesia brasileira]] |
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<BR>Puxando os carros dourados |
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[[Categoria:Romantismo brasileiro]] |
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<BR>Dos meteoros largados |
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<BR>Sobre a noite das nações. |
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''([[Espumas Flutuantes]], 7)'' |
Revisão das 04h50min de 25 de março de 2007
É a hora das epopéias,
Das Ilíadas reais.
Ruge o vento-do passado
Pelos mares sepulcrais.
É a hora, em que a Eternidade
Dialoga a Imortalidade...
Fala o herói com Jeová!...
E Deus — nas celestes plagas
—
Colhe da glória nas vagas
Os mortos de Pirajá.
Há destes dias augustos
Na tumba dos Briaréus.
Como que Deus baixa à terra
Sem mesmo descer dos céus.
É que essas lousas rasteiras
São — gigantes cordilheiras
Do Senhor aos olhos nus.
É que essas brancas ossadas
São-colunas arrojadas
Dos infinitos azuis.
Sim! Quando o tempo entre os dedos
Quebra um séc'lo, uma nação...
Encontra nomes tão grandes,
Que não lhe cabem na mão!...
Heróis! Como o cedro augusto
Campeia rijo e vetusto
Dos séc'los ao perpassar,
Vós sois os cedros da História,
A cuja sombra de glória
Vai-se o Brasil abrigar.
E nós, que somos faíscas
Da luz desses arrebóis,
Nós, que somos borboletas
— Das crisálidas de avós,
Nós, que entre as bagas dos cantos,
Por entre as gotas dos prantos
Inda os sabemos chorar,
Podemos dizer: "Das campas
Sacudi as frias tampas!
Vinde a Pátria abençoar!..."
Erguei-vos, santos fantasmas!
Vós não tendes que corar...
(Porque eu sei que o filho torpe
Faz o morto soluçar... )
Gemem as sombras dos Gracos,
Dos Catões, dos Espartacos
Vendo seus filhos tão vis...
Dize-o tu, soberbo Mário!
Tu, que ensopas o sudário
Vendo Roma-meretriz!...
Ai! Que lágrimas candentes
Choram órbitas sem luz! —
Que idéia terá Leônidas
Vendo Esparta nos pauis?!...
Alta noite, quando pena
Sobre Árcole, sobre Iena,
Bonaparte-o rei dos reis—
Que dor d'alma lhe rebenta.
Ao ver su'águia sangrenta
No sabre de Juarez!?...
Porém aqui não há grito,
Nem pranto, nem ai, nem dor...
O presente não desmente
Do seu ninho de condor...
Mãos, que, outrora de crianças
A rir— dentaram as lanças
Dos velhos de Pirajá....
De homens hoje, as empunhando,
Nas batalhas afiando,
Vão caminho de Humaitá!...
Basta!... Curvai-vos, ó povo!...
Ei-los os vultos sem par,
Só de joelhos podemos
Nest'hora augusta fitar
Riachuelo e Cabrito,
Que sobem para o infinito
Como jungidos leões,
Puxando os carros dourados
Dos meteoros largados
Sobre a noite das nações.