Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/Debaixo do Tamarindo

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Debaixo do Tamarindo


 
No tempo de meu Pae, sob estes galhos,
Como uma véla funebre de cêra,
Chorei billiões de vezes com a canceira
De inexorabilissimos trabalhos!

Hoje, esta arvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flóra Brazileira
E a paleontologia dos Carvalhos!

Quando pararem todos os relogios
De minha vida, e a voz dos necrologios
Gritar nos noticiarios que eu morri,

Voltando á patria da homogeneidade,
Abraçada com a propria Eternidade
A minha sombra ha de ficar aqui!