Homo Infimus

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Homem, carne sem luz, criatura cega,

Realidade geográfica infeliz,

O Universo calado te renega

E a tua própria boca te maldiz!


O nôumeno e o fenômeno, o alfa e o omega

Amarguram-te. Hebdômadas hostis

Passam... Teu coração se desagrega,

Sangram-te os olhos, e, entretanto, ris!


Fruto injustificável dentre os frutos,

Montão de estercorária argila preta,

Excrescência de terra singular.


Deixa a tua alegria aos seres brutos,

Porque, na superfície do planeta,

Tu só tens um direito: - o de chorar!


(Outras Poesias, 20)