Horto (1910)/Pagina azul
Esta página contém uma imagem. É necessário extraí-la e inserir o novo arquivo no lugar deste aviso.
A Zulmira Rosa
No paiz de minh’alma ha um rio sem maguas,
Um rio cheio de ouro e de tanta harmonia,
Que se cuida escutar no marulhar das aguas
Do sussurro de um beijo a doce melodia.
Este rio é o meu sonho, um sonho azul e puro,
Como um canto do Céo, como um braço do Mar;
Loira restea de sol a rebrilhar no escuro,
Casta luz que scintilla em torno de um altar.
De um altar que palpita e que soffre e que sonha,
Soletrando a cantar a linguagem do Amor...
Do altar do Coração, a paisagem risonha
Onde brotam sorrindo as illusões em flor.
Vem beber, meu amor, neste rio que é fonte,
E fonte de esperança e lago de chimera...
Vem morar n’um paiz que não tem horizonte
Onde não chora o Inverno e só ha Primavera.