Na parte da espessura mais sombria

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Na parte da espessura mais sombria,
Onde uma fonte de um rochedo nasce,
Com os olhos na fonte, a mão na face,
Sentado o Pastor Sílvio assim dizia.

Ai como me mentiu a fantesia
Cuidando nesta estância repousasse!
Que muito a sede nunca mitigasse,
Se cresce da saudade a hidropisia.

Solte o Zéfiro brando os seus alentos,
E excite no meu peito amantes fráguas,
Que subam da corrente os movimentos.

Que é irana oficina para as mágoas
Ouvir nas folhas combater os ventos,
Por entre as pedras murmurar as águas.