O Beija-Flor (1830)/Número 1/4
O DOZE DE OUTUBRO.
O dia 12 de Outobro proximo passado, tão memorando para o Imperio Brasileiro , não foi neste anno mais isento do que nos anteriores, da chuva, cujo até hoje obrigado accompanhamento , se ainda teimar alguns annos á entrar na função, passará ultimamente a ser de restricta etiqueta, e grande gala. Aliás vejo varias pessoas affligir-se com esta coincidencia , e pronosticar supersticiosamente dias de trabalho , e de tristeza para o Imperio adolescente. Se eu fosse advinhão profetisava às avessas. E considerava como cuidado paterno da Providencia esta abundante, e periodical aspersão d՚agoa em epoca tão notavel. A chuva dá o alimento, a vida, o poder de produzir à terra, e em parte nemguma lhe he tão indispensavel como nas Regiões entretropicaes sempre reseccadas pelo sol, sem invernos, gelos , neblinas, e outros socorros atmosphericos que nas outras zonas conservão sua humidade. Que seria da nossa Agricultura, contrá a qual tudo conspira, se a secca entrasse tambem na conspiração , e deixasse de cahir no tempo proprio, ao principio do verão, epoca de semear , e plantar? Era pois muito para se desejar que jamais fallasse a chuva no dia 12 de Outobro, e que o Lavrador, ancioso de ver hum Ceo sem nuvems, e os rossados adustos dizesse com plena confiança; « adiemos nos a semeada até o dia d՚annos do nosso Imperador. »
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