O Subterrâneo do Morro do Castelo/Sábado, 20 de maio de 1905

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Os Subterrâneos do Rio de Janeiro[editar]

Os Tesouro dos Jesuítas[editar]

No Morro do Castelo[editar]

A Descoberta de uma Nova Galeria[editar]

Ontem, à uma hora da madrugada, os trabalhadores sob a direção do hábil engenheiro Pedro Dutra, encarregados do arrasamento do morro do Castelo, descobriram uma nova galeria, que parece ser a mais importante das três até agora encontradas.

Segundo as informações fidedignas que em dias consecutivos publicamos, deve ser esta a galeria mestra, conduzindo à vasta sala subterrânea, onde, segundo rezam a crônica e a lenda, estão encerrados os tesouros dos jesuítas.

Foram encontrados no meio do barro lamacento restos carcomidos pela ferrugem de instrumentos de suplício, pregos, correntes, polés, gargalheiras, etc.

O novo subterrâneo, ao que parece, não é, como os precedentes, aberto simplesmente a ponteiro no moledo; a sua construção foi mais cuidada e obedeceu aos preceitos da arte de construir compatíveis com os progressos da época.

Abre-se a porta que para ele dá ingresso ao pé de uma velha escada do Seminário, agora destruída por via do arrasamento do secular edifício. Uma enorme pedra de cantaria obstruía-lhe a entrada; removida esta, penetraram no subterrâneo o engenheiro Dutra e alguns operários de confiança e logo ficou patente a importância da descoberta.

Pessoa que assistiu a este trabalho garantiu-nos ter sido encontrado um pequeno cofre de madeira cintado de ferro, que de pronto chamou a atenção do Dr. Dutra o qual resolveu sem demora comunicar ao Dr. Frontin o interessante achado, guardando sobre o caso o mais completo sigilo.

Pela leveza do cofre, parece não conter ele metal, senão documentos da Ordem de Jesus.

A nova galeria, que segue a direção do Convento dos Capuchinhos, já está explorada na extensão de dez metros, tendo sido ontem visitada pelos Drs. Lauro Müller, Paulo de Frontin,Getúlio das Neves, Emílio Berla, general Sousa Aguiar, Chagas Dória e vários engenheiros da avenida, que em seguida percorreram, em bonde especial, a Avenida Central.

Continuaremos amanhã a publicação de D. Garça, a narrativa que tanto interesse tem despertado e que tão intimamente se prende ás descobertas dos subterrâneos do morro do Castelo.