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Robert Helling | 101

estado, um pouco no Rio de Janeiro mesmo e procurava de todas as maneiras conseguir seus direitos. Os cem quilômetros acertados foram entregues corretamente, mas o infeliz contrato dava aos seus inimigos sempre novos motivos para lhe prejudicar. Agora estavam querendo botar os trabalhadores contra ele, o que infelizmente estavam conseguindo. Várias reuniões já haviam se realizado e o bom amigo havia feito várias promessas vãs para acalmar o pessoal. Ele tinha um pouco do conceito europeu de honra, o que nessa situação não cabia muito. Em uma dessas reuniões dos trabalhadores haviam sugerido que eles queriam ir para a cidade vizinha, onde estava a sede da companhia e armados com revólveres e facas, iriam obrigar a companhia a pagá-los, visto que estava claro que o trabalho estava concluído e somente por uma trapaça a companhia não pagaria. O mestre de obras falou muito e então contou que tinha boas notícias do empreiteiro no Rio de Janeiro, que em três semanas sem falta traria o dinheiro e pediu ao pessoal para esperar só mais um pouco. Mas eles responderam que isso era prometido frequentemente, sem cumprir e que agora estavam fartos. Ai levantou o líder dos trabalhadores e intimou o meu amigo a prometer que iria com eles até a cidade para defender estas reivindicações, se o dinheiro não aparecesse em três semanas. Todos estavam de acordo e prometeram-lhe confiança total, demonstrando esperança de que tudo correria bem, se ele fosse junto. Meu amigo estava em uma terrível situação; no entanto a carta do empreiteiro era bastante otimista, pareceu-lhe como se as coisas pudessem ser apaziguadas apenas pela sua palavra e seria sua obrigação defender os interesses do seu chefe, o qual ele venerava. Com o coração pesado, fez a promessa exigida. Foi para casa e escondeu da sua mulher sua resolução de graves consequências. As três semanas passaram rapidamente e as respostas de suas cartas e telegramas eram muito incertas, quando eram respondidas. Os trabalhadores e seus líderes o pressionavam, mas ele sempre precisava fazer com que esperassem. Por fim se reuniram novamente, foram até a casa dele e exigiram o cumprimento da sua promessa. Ele pediu muito para terem mais paciência, mas em vão. O pessoal se armou e já não havia mais jeito