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Robert Helling | 105

“Então o que o velho quer fazer agora? O senhor falou de uma ideia absurda dele.”.

“A ideia absurda é a seguinte: eu, justo eu, devo ir ao mato com o tesoureiro, reunir os mestres de obras americanos, esclarecer ao Salana que ele não pode prosseguir o trabalho e deve dizer aos seus operários que receberão seu dinheiro diretamente da companhia, isto é, de mim. Eles só precisam apresentar um recibo de Salana que eles teriam tanto a receber.”

“A ideia não é nada má; pois desta forma os trabalhadores vão querer forçar Salana a lhes dar os recibos, em troca dos quais eles vão receber o seu dinheiro e também mais trabalho da companhia, supondo que Salana se deixe ser forçado”.

“Sim, isso é verdade, ele não vai se deixar levar! E aí há um terrível tumulto, eu fico no meio da história e um e outro vai exigir o dinheiro de mim, por bem ou por mal. O senhor quer saber de uma coisa, senhor Roberto, venha junto. O senhor tem estado mais tempo envolvido com a obra e tem mais experiência do que eu nesses perigos”.

Eu refleti. O trabalho na empresa estava tão entediante, enquanto lá no mato poderia ser muito mais interessante. Então decidi ir junto. O Dr. Alaro ficou contente e me garantiu outra vez que nunca se esqueceria de mim. A expedição partiu na manhã seguinte com um trem extra, e nós chegamos na última estação pela noite. Adiante só era possível ir sobre mulas e cavalos. Éramos um total de nove pessoas. Em Porto, o engenheiro do governo uniu-se a nós. Os mestres de obras americanos chegaram na manhã seguinte. Mas quem não apareceu foi o Dr. Salana, apesar de ele ter sido especialmente convidado. Nós tínhamos o dinheiro conosco, duzentos Contos de réis, aproximadamente cem mil Reichsmark.[1]

Então um conselho de guerra foi reunido para decidir sobre o que seria feito da atitude do Dr. Salana. O Dr. Alaro estava inclinado que se deveria aguardar aqui na estação, mas os americanos votavam por se cavalgar tranquilamente com o dinheiro até o último mestre de obras. Eu

 

  1. Moeda vigente na Alemanha na época em que texto foi escrito. (NdT)