Robert Helling | 121
pelo campo acidentado. Era uma viagem agradável. O sol estava brilhando maravilhosamente sobre nosso caminho, o céu mostrava um belo azul, e a velha locomotiva sacolejante (tipo Mogul), não parecia tão suja como de costume na claridade do sol. O condutor era o nosso velho Chico Paraguai. Na verdade ele tinha outro nome, mas por ser paraguaio, recebeu esse apelido. Ele era pequeno, forte e tinha uma pele com uma bela cor de chocolate. Além disso, era um dos nossos melhores condutores e sabia ajudar nas situações mais difíceis.
Ele sorriu amigavelmente para mim e disse: “Senhor Roberto, quero lhe mostrar uma coisa agora, como se economiza carvão para a empresa. Nós logo chegaremos ao balanço russo do Rio das Mortes e lá o senhor deverá verificar! O senhor verá que desceremos toda a primeira queda sem freios e então como o vento nos levará ao outro lado da subida sem que eu precise usar uma única vez o vapor; somente com o impulso nós subiremos novamente”. - “Chico”, eu disse, “Você só esqueceu duas coisas: primeiro, que é proibido descer sem utilizar os freios, e segundo, que depois da segunda subida há uma descida forte depois do Rio das Mortes! E se chegarmos ao topo com mais impulso do que pensamos, então não conseguiremos fazer o velho e fraco trem parar e cairemos no Rio das Mortes, se não descarrilarmos antes”.
“Mas senhor Roberto, eu bem conheço minha máquina!”, retrucou o condutor e bateu com carinho na parede da caldeira. Eu acreditava ter feito minha obrigação, quando o avisei, e, além disso, mesmo estava um pouco curioso para saber como se sairia a viagem.
Nos aproximávamos da primeira descida. Chico me olhou malicioso, e logo que sentimos que íamos morro abaixo, ouviu-se o curto apito da locomotiva, o sinal: “soltar freios!” Os dois guarda-freios, que acionam os freios do trem com suas manivelas, olharam para cima surpresos, mas mesmo assim soltaram os freios. O trem tomava cada vez mais velocidade e nós íamos tão rápido que os trilhos faziam um barulho quando os vagões passavam; em menos de um minuto também já tínhamos passado para o outro lado da subida. “Viva!” Exclamaram os guarda-freios, e Chico gritou