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16 | Robert Helling, um fascinante personagem

Na fala dos marinheiros, provavelmente em Plattdeutsch ou baixo-alemão, observa-se:

3.Dunnerkiel, gif's em, Georg, ran an den Kirl - p. 9

4.I bin doch a nit ersuffe! - p. 12

5.Der Kaptän bin i, und wenn I ko Woassa hob, kunn I ooch nit fahre; mir hobn doch Ebbe, schaut doch mal ins Woassa! - p. 12

Em dialeto de Holstein, também do norte da Alemanha, registra-se a frase:

6.Gotts Dunner, gift dat veel Mücken! - p. 12.


Aos tradutores coube a tradução em português padrão sem marca dialetal, ou, como já constava no texto de partida, com referência à maneira de falar de um personagem "meu nome foi chamado no mais perfeito dialeto de Berlim (grifo nosso).


  1. "Água suja e atrás um pouco de terra"
  2. "Ah, Helling, você também está aqui?"
  3. "Magricela, vai pra cima dele, Georg!"
  4. "Eu também nunca me afoguei!"
  5. "O capitão sou eu e sem água eu não posso seguir; nós temos maré baixa, olhem para a água!"
  6. "Meu Deus, quanto mosquito!"


Existe na obra um grande número de vocábulos em língua portuguesa grafados erroneamente. Os tradutores optaram por preservar os erros de ortografia de português existentes no texto, para manter o caráter de estranheza e transcreveram as palavras erradas em itálico. Assim, a saudação "Bom dia" é constantemente grafada "Bon dia", fala-se de um "Rio dos Mortes", dos rios Timó e Pixe (p. 30), passa-se a noite em campamentos (p.32), caçam-se peredizes e cadornas (p.10).

O processo tradutório, pois, movimenta-se entre mundos distintos e busca aproximá-los, com o cuidado de não sobrecarregar os receptores com excesso de informação ou de sonegar dados importantes. Há um relato de autor, com todas as imperfeições contidas na sua memória; há leitores alemães da primeira metade do século XX aos quais se destinava o texto e leitores alemães do século XXI, que provavelmente lançam um olhar mais crítico ao etnocentrismo de Helling. Há os tradutores para a