Página:A Brazileira de Prazins (1882).pdf/135

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ora aproximando, ora distanciando o papel dos olhos.

A pouco e pouco, desavincou-se-lhe a fronte carregada, iluminaram-se-lhe os olhos, coava-se-lhe no sangue o suave calor do convencimento. Lia coisas que lhe evidenciavam um Sr. D. Miguel autêntico, o autor da carta. Conhecia-lhe a letra. Lembrava-se muito bem; era assim; e então a assinatura — Miguel, Rei — era tal qual. Chegou a um certo período que devia impressioná-lo mais pela mudança súbita que lhe transluziu no semblante. Depois dobrou vagarosamente a carta.

O Zeferino esperava a confidência do conteúdo; mas o fidalgo, apesar da nobilitação do sargento-mor, continuava a considerá-lo o pedreiro que lhe fizera os canastros e reconstruíra as paredes da cozinha. Não estava assaz bêbedo para confidências.

— Conta lá o que te aconteceu, Zeferino. — E sentando-se, meteu o saca-rolhas à botija de Holanda.

O Zeferino contou tudo com muita particularidade. Descreveu a figura do rei, as barbas que metiam