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— Por um triz, abade, que me estendia! Tal é a certeza de que está el-rei nesta casa! — E com transporte, olhando para as janelas: — Onde está pernoitando o Sr. D. Miguel I! o rei amado dos Portugueses, na pobre residência de São Gens de Calvos! Isto parece um sonho!

A segunda-feira de Entrudo foi uni chover desabalado. Não houve entremez nem se via viva alma no cruzeiro. O abade não consentiu que o hóspede se retirasse; e, aconselhado por Nunes, mandou à Póvoa buscar a bagagem. Era um baú de lata amolgado na tampa, com um cadeado roído de ferrugem. O legitimista ainda não tinha dado nome algum, nem os outros ousavam abrir ensejo a que ele tivesse de o inventar. Seria indelicadeza obrigado a mentir. Além de que, o padre Marcos, tratando-o sempre por senhor — o senhor isto, o senhor aquilo —, entendia que se aproximava do tratamento que se deve aos reis, e ao mesmo tempo ia insinuando ao real hóspede que já o conhecia.

— Bom é que ele se vá persuadindo