Página:A Brazileira de Prazins (1882).pdf/26

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sentia no coração as alvoradas do amor. Frei Roque, averiguado o caso, advertiu o pedreiro que não fosse má-lingua, que não andasse a difamar os seus discípulos, que se preparavam para o sacerdócio — uma coisa séria. O episódio acabaria assim menos mal, se dois dos estudantes, que se preparavam para o sacerdócio, mais fortes no fueiro que nas conjugações, desistissem de o moer a pauladas, uma noite num pinhal. O mestre-de-obras iniciou-se pelo martírio obscuro num amor que principiava bastante mal. Ele nunca soube ao certo quem lhe batera, e atribuiu a sova a émulos na arte, covardes e misteriosos, por causa da construção de uma igreja que ele desdenhara, citando as regras do Vignola. Vinha a ser o desastre uma tunda por motivos de arquitectura — um martírio de artista. Invejas. Por causa da Arte padecera o seu colega Afonso Domingues, o arquitecto da Batalha, e João de Castilho, o do convento de Tomar, e já tinha padecido seu mestre, o Manuel Chasco, a quem inimigos quebraram a cabeça na feira dos 21, porque ele, desfazendo na obra de um colega,