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dissera que o botaréu de um cunhal estava torto.

Passado tempo, Marta saiu pronta da mestra. Lia a cartilha do Salamondi e o Grito das Almas, decifrava menos mal uma sentenças velhas, que havia na casa de Prazins, monumentos das ruínas de antigas demandas, e escrevia regularmente. A primeira carta que escreveu por pauta foi para o tio de Pernambuco, o tio Feliciano. Pedia-lhe a sua bênção e duas moedas de ouro para umas arrecadas. Era o pai que lhe ditava a carta, cheia de lástimas mendigas, mentirosas, historietas velhacas de penhoras, as grandes décimas, a ferrugem das oliveiras, o bicho da batata, o gorgulho que pegara no milho, muitas alicantinas.

— Que era a ver se o ladrão mandava alguma coisa — dizia ele, pondo cuspo na obreia vermelha para fechar a carta.

A segunda carta que ela escreveu, já sem pauta, foi a José Dias, ao estudante, que já não estudava por causa das memórias nocivas à sua saúde fraca, um pelém.