Página:A Brazileira de Prazins (1882).pdf/325

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largava, parecia uma criança espavorida, agarrada ao vestido da mãe, assim que ouvia os passos do tio. Ele, muito carinhoso, com o monóculo no olho direito, a oferecer-lhe castanhas de ovos, toucinho do céu, a pegar-lhe da mão e a fazer-lhe festas no rosto muito corado de pudor. D. Teresa discretamente deixou-os sozinhos. A Marta ficou a olhar para a porta por onde a amiga se evadira, e fazia uns gestos de quem meditava raspar-se; mas o marido tinha-a segura pelas mãos mimosas, beijando-lhas ambas com uma sensualidade delicada, um pouco babada, mas muito comedida, estendendo os beijos quentes e húmidos até aos pulsos lácteos e redondinhos. Marta, numa impassibilidade, não se recusava às carícias, e pareceu mesmo inclinar um pouco o rosto quando o esposo com um bom sorriso do amor dos quinze anos lhe pediu um beijinho, que foi mais demorado do que era de esperar da sua candura e da inexperiência de tais delícias. Estavam ambos rosados; mas o rubor de Marta era carminado de mais e nos seus olhos havia uma rutilação vaga pela extensão da grande sala. Ela