Página:A Brazileira de Prazins (1882).pdf/329

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se, e dizia que não se lembrava de nada. Vinha o cirurgião a miúdo: — que era histerismo, e consolava o marido com a esperança no tal rapagão, esperanças bem fundadas, segundo as confidências do pai; mas, consultado pelo padre Osório, o Pedrosa, um grande clínico, dizia que a brasileira não tinha simplesmente a gota coral; que havia ali epilepsia complicada com delírio, alienação mental intermitente, um estado de inconsciência ou consciência anormal, e que verdadeiramente se não podiam determinar bem quais eram os seus actos de lucidez intercorrente.

— Ela está grávida — observou o vigário de Caldelas. — Parece que este facto denota uma tal ou qual normalidade de consciência, uma concepção racional dos deveres de esposa...

— Não denota nada — refutou o médico. — Faça de conta que é uma sonâmbula. E, como a sua demência é funcional e não orgânica, não há desorganizações físicas que a estorvem de ser mãe. O meu colega que lhe assistiu à última vertigem disse-me que, alguns minutos antes do ataque, ela, numa