Página:A Brazileira de Prazins (1882).pdf/335

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com bastante engenho. O padre Osório dizia-lhe que guardasse as suas pérolas para outro auditório menos suíno. E, de feito, as mulheres, quando de madrugada o viam no púlpito, aconchegavam-se umas das outras para comodamente tosquenejarem o seu sono da manhã; e os homens diziam que não o chamava Deus por aquele caminho — que não calhava p’r'á prédega.

O padre Cosme de Tagilde, robusto, de meia-idade, autor da Escala do Céu pelas Escarpas do Gólgota e da Via Seráfica para o Reino dos Querubins, era pregador de sentimento. Tinha sido furriel no exército realista, e ordenara-se para herdar uns bens de uma parenta beata que tinha horror à tropa. Lera as novelas do Prévost e Madama de Genlis, quando era furriel. Ficou-lhe dessas leituras uma linguagem amelaçada, com interjeições trágicas, e um jeito especial de tocar as mães com imagens ternas tiradas das coisas infantis. Por exemplo: E o teu filhinho, mulher, o filhinho que Deus te levou para a companhia dos anhos, quando lá do Céu te vê pecar, estende para ti os seus bracinhos, e diz: Mãe, ó mãe!