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— Não, senhor, a lógica do professor que ma ensinou no seminário bracarense. Criador não é pai?

— É sim, e dai?

— Deus é pai de todas as suas criaturas; ora o Diabo é criatura de Deus; logo: Deus é pai do Diabo.

— Distinguo! — contrariou o varatojano.

E o vigário, sem atender à interrupção escolástica:

— Se Deus é bom, as suas criaturas não podem ser más; ora, o Demónio é mau: logo, o Demónio não pode ser criatura de Deus; mas, se o Diabo não é criatura de Deus, pergunto eu o mesmo que um negro da África perguntava ao missionário: Quem é o pai do Diabo?

— Distinguo! — insistiu o varatojano apoiado nas velhas fórmulas da dialéctica esmagadora. — Deus criou os anjos; destes houve alguns que se rebelaram contra o seu criador, e foram precipitados do Céu: são os espíritos infernais. Alguns desses anjos não desceram às trevas inferiores, e permanecem para flagelo do género humano