Página:A Brazileira de Prazins (1882).pdf/383

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da porta, ouvia-a conversar como em diálogo, ficar silenciosa, depois de uma interrogação, por largo espaço de tempo; vinha de mansinho à porta espreitar que a não escutassem. Dizia palavras confusas, abafadas, cariciosamente proferidas, como se tivesse os lábios postos em contacto de um rosto amado. O nome de José realçava com uma nitidez jubilosa, com uni timbre de meiguice infantil; e às vezes, um grito em esforçado desespero como se ele se lhe desatasse dos braços para lhe fugir. Um espiritista da escola de Kardec tiraria desta loucura um argumento a favor das Manifestações visíveis, em que o fluido, o perispírito se apresenta semimaterial, com as formas vagas do corpo, quase tangível ao medium.

O Feliciano ignorava estas cenas extra-naturais. Ele; ao sexto ano de casado, encouraçara-se num impenetrável egoísmo de avarento, cortando fundamente por todas as despesas que em vista da sua grande fortuna se reputavam sovinarias. A medicina já o considerava lunático, mais ou menos infeccionado da alienação da mulher: