Página:A Brazileira de Prazins (1882).pdf/391

Wikisource, a biblioteca livre

visão dominante na demência de ambas — uma espécie de ressurreição do amado. No que elas diversificam essencialmente é que uma sonhou seis anos e a outra vai no trigésimo sétimo da sua demência; Lídia sonhou absorvida na sua ideal aliança com um celícola, um bem-aventurado com asas de ouro; Marta quando imerge alucinada no seu letargo, é a paixão leal ao amado sempre vivo na terra e no seu coração. Lídia passa as noites em amplexos do marido celestial; Marta, sem consciência da sua vida orgânica, tem cinco filhos, corno se arrancasse de si a porção ignóbil de seu ser e a rejeitasse ao sevo sensual do marido, ressalvando a alma dessa inconsciente materialidade. Quer-me, portanto, parecer que não há nódoa de plagiato no meu livrinho — uma coisa original como o pecado.

O leitor pergunta:

— Qual é o intuito científico, disciplinar, moderno, deste romance? Que prova o conclui? Que há aí proveitoso como elemento que reorganize o indivíduo ou a espécie?