Página:A Carne.djvu/302

Wikisource, a biblioteca livre
288
a carne

sem brilho, maculado de losangos escuros, quase negros. A cabeça era chata, o focinho tronco, como que aparado, com duas fossazinhas tapadas, duas ventas falsas. De cada olho partia um traço escuro que ia fenecer no pescoço. A cauda terminava em um como rosário curto, de contas corneas, ôcas, achatadas, que, ao rastejar do animal deixavam escapar um ruido leve, quase imperceptivel, do pergaminho fuchicado.

Chegou, viu os ratos, parou, foi-se torcendo em espiral, formou um rolo, donde emergia, attenta, vigilante, a pavorosa cabeça. O olhar negro luzente, gelido, tinha uma fixidez fascinadora. A lingua lurida, comprida, fina, bifida, açoutava o ar em rapidas lambidellas. Um dos roedores percebeu o reptil, fitou-o aterrado, encolheu-se, ennovelou-se, arrepiou o pello, começou a chiar lastimo-