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A ESTRELLA DO SUL

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Por desgraça John Watkins despertou n'aquelle momento do torpor em que estava, e perguntou noticias do Vandergaart-Kopje. Necessario foi portanto voltar á lingua ingleza, deixar aquelle áparte tão delicioso. Quebrou-se o encanto.

Mas a semente caíra em boa terra e devia germinar. O joven engenheiro, ao voltar para casa, ia pensado n'aquellas palavras tão enthusiasticas, e comtudo tão exactas, que miss Watkins lhe dissera. Desapparecia a seus olhos quanto ellas podiam ter de chimerico para só deixarem ver a generosidade, confiança e verdadeira ternura que encerravam.

«E porque não, a final? pensava elle. A fabricação do diamante, que ha um seculo poderia parecer uma utopia, é hoje um facto realisado ! Fremy e Peil, de Paris, fizeram rubis, esmeraldas e saphiras, que não são mais do que crystaes de alumina de cores differentes! Mac-Tear, de Glasgow, e Ballantine Hannay da mesma cidade obtiveram em 1880 crystaes de carbonio, que tinham todas as propriedades do diamante, e cujo unico defeito era ficarem por um preço exorbitantissimo, — muito maior que o dos diamantes naturaes do Brazil, da India ou do Griqualand, — e por conseguinte não satisfizeram as necessidades do commercio! Mas quando a solução scientifica de um problema está achada, a solução industrial não póde estar longe! Porque não hei de eu procural-a?... Todos esses sabios, que até hoje não deram ainda com ella, são theoricos, homens de gabinete e de laboratorio! Não estudaram o diamante no proprio terreno nativo, no seu berço por assim dizer! Mas eu posso aproveitar-me dos trabalhos d'elles, da sua experiencia, e tambem da minha! Já extrahi diamantes pelas minhas mãos! Já analysei e estudei debaixo de todos os aspectos os terrenos em que elles se encontram! Se ha alguem que possa, com um bocado de sorte, conseguir vencer as ultimas difficuldades, sou eu!... Devo ser eu!»