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VIAGENS MARAVILHOSAS

da minha longa carreira! Mas talvez o senhor fizesse melhor em escolher outra mão mais nova e mais firme do que a minha?!

— Não! respondeu Cypriano affectuosamente. Tenho a certeza de que ninguem dedicará á obra mais cuidado e maior habilidade do que o senhor! Guarde-me o diamante, meu caro Jacobus, e trate de o lapidar de seu vagar! É negocio concluido.

O velho voltava e tornava a voltar a pedra entre os dedos, e parecia hesitar em exprimir o que pensava.

— Inquieta-me uma cousa, disse por fim. Sabe o senhor que não me posso habituar á idéa de ter em casa uma joia de tão grande valor? São cincoenta milhões de francos pelo menos, e talvez mais, que eu tenho aqui na palma da mão! Não é muito prudente encarregar-se uma pessoa de tamanha responsabilidade!

— Ninguem o saberá, se o senhor Vandergaart o não disser, eu por mim garanto-lhe segredo.

— Pois sim! Mas desconfiam! Quem sabe se o senhor foi seguido quando veiu para aqui? Não têem a certeza, hão de fazer supposições!... Anda por ahi uma gente tão exquisita!... Não! não poderia dormir descansado!

— Talvez tenha rasão, respondeu Cypriano achando fundada a hesitação do velho. Mas então o que se ha de fazer?

— Estou pensando n'isso, disse Jacobus Vandergaart, que ficou calado por alguns momentos.

Depois continuou:

— Ouça, meu caro filho. O que lhe vou propor é muito melindroso, e é preciso suppor que o senhor teve confiança absoluta em mim! Mas o senhor conhece-me bem, e não se admirará portanto que eu pense em tomar tantas precauções!... É preciso que eu parta immediatamente com os meus instru-